O Estado de São Paulo
Mas isso deve ocorrer em países ricos ou com excesso de estoque; em geral, só doentes devem tomar o Tamiflu
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a venda do fosfato de oseltamivir (Tamiflu) ocorra apenas com orientação médica para o tratamento da gripe suína. Mas abre a possibilidade para que países com estoque significativo do remédio e com recursos financeiros usem o antiviral também como profilaxia.
Em países como o Reino Unido, pode-se comprar o remédio por telefone, enquanto na Suíça o antiviral é 100% reembolsado pelos seguros de saúde. Mas para o porta-voz da OMS, Thomas Abraham, deve haver recomendação médica. "Tanto faz como o remédio é distribuído. A questão é que um médico deve recomendar." Mas a situação pode ser diferente em países ricos.
Aphaluck Bhatiasevi, outra assessora da entidade, diz que está comprovado que o Tamiflu pode oferecer maior proteção para pessoas que não estão afetadas. "Se uma pessoa trabalha ou precisa conviver com alguém que está com a gripe, pode ser boa ideia tomar o antiviral também. Mas isso apenas em países que tenham um estoque suficiente ou recursos."
Na Suíça, há 30 milhões de tratamentos para uma população de 7 milhões. A OMS tem 5 milhões de tratamentos doados pelos produtores para atender 70 países pobres.
Distribuição no Rio
O secretário estadual da Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, anunciou que o remédio será distribuído por 56 quartéis do Corpo de Bombeiros a hospitais, Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e polos de atendimento de gripe. Até então, todo o estoque estava na farmácia do Iaserj. Serão distribuídos 5 mil tratamentos, produzidos pela Fiocruz. "Queremos garantir que o medicamento seja ministrado a esses pacientes nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas", disse.
Côrtes ressaltou que a indicação do remédio deve ser feita só em casos graves ou para pacientes dos grupos de risco, como crianças de até 2 anos e gestantes. Qualquer médico das redes pública ou privada poderá receitá-lo, mas deverá baixar um formulário da internet. Com o formulário e duas vias da receita, a unidade onde o paciente está internado ou um acompanhante seu poderão buscar o medicamento no quartel do Corpo de Bombeiros mais próximo.
Os demais pacientes – cerca de 95% dos casos – não receberão o oseltamivir, mas tratamento para aliviar os sintomas, seguindo orientação médica. O objetivo é evitar que o uso indiscriminado do medicamento crie resistência do vírus.
O presidente do Conselho Regional de Medicina no Rio (Cremerj), Luiz Fernando Moraes, foi procurado para ajudar a Secretaria Estadual da Saúde a validar os CRMs dos médicos, pois haveria temor de que leigos preenchessem o formulário. Apesar de esse sistema não ter sido feito, ele aprovou o novo método de distribuição.