Valor Econômico
Depois da separação da gestão compartilhada com a União Química, a Biolab, que tem rejeitado até agora o assédio de farmacêuticas estrangeiras, planeja um salto em sua curta trajetória de 12 anos. O laboratório prepara-se para uma sucessão de lançamentos de novos medicamentos, resultado do desenvolvimento interno e dos acordos de parcerias com terceiros.
O primeiro remédio chega em outubro. Trata-se do lançamento da primeira droga produzida em nanotecnologia, cuja indicação terapêutica a empresa mantém segredo. Ainda neste ano, a Biolab deve lançar um remédio contra hipertensão – uma das especialidades da brasileira – licenciado do laboratório italiano Minarini.
"Nosso portfólio será bem rico a partir de 2011", disse ao Valor o empresário Cleiton de Castro Marques, de 51 anos, presidente da Biolab. Em seu "pipeline", o laboratório desenvolve 29 projetos. A meta é lançar a primeira molécula – um antimicótico com atuação antibacteriana – em 2012.
Ao lado dos acionistas, o irmão Paulo, de 53 anos, responsável pela área industrial, e Dante Alário Júnior, 63 anos, que supervisiona a área médica e de pesquisas, Cleiton comentou o momento que vive o laboratório em meio ao assédio de multinacionais interessadas na compra de ativos no Brasil, de forma a compensar a falta de lançamento de novos produtos em seus países de origem.
Segundo eles, a Biolab tem rejeitado todas as propostas pelo controle da empresa. "Houve quem oferecesse 18 vezes o Ebitda (medida de geração de caixa) e temos oferta de 20 vezes mas não queremos dinheiro", diz Alário. "O dinheiro não é o que nos move, mas sim o que construímos e queremos para o futuro." Cleiton até brinca: "Só se for pelo iate do Paul Allen", diz, referindo-se ao megabarco do executivo da Microsoft, avaliado em centenas de milhões de dólares.
Mas Cleiton lembra que o objetivo é construir a empresa a partir do desenvolvimento e a descoberta de novas drogas. "Temos R$ 200 milhões em caixa. Não queremos comprar ninguém nem assumir dívida. O resultado mostra que podemos crescer organicamente", diz Cleiton. A empresa faturou R$ 475 milhões em 2008, projetando vendas de R$ 540 milhões neste ano. O interesse, segundo Alário, é formar parcerias com empresas que agreguem valor ao laboratório.
A gestão da Biolab é única hoje. A empresa mantinha até o ano passado uma situação "suis generis" com a União Química, controlada pelo irmão Fernando de Castro Marques. A administração de ambas era feita pelos irmãos e eles pensaram até em fundir a empresa numa única sociedade. Mas, depois de uma disputa familiar, eles decidiram separar a gestão. Um muro chegou a dividir as empresas que ocupavam a mesma sede no bairro de Jabaquara, em São Paulo.
Com a separação física das empresas, com a mudança da Biolab para um prédio na Vila Olímpia, em São Paulo, os irmãos Cleiton e Paulo ficaram com a empresa, e Fernando dirige a União Química. Eles mantêm, contudo, as participações societárias cruzadas. "Ainda não surgiu a oportunidade [de desfazê-las]", afirmou Cleiton.
Em sua nova fase, a Biolab, que já tinha uma unidade de produção de horm&oci