Agência Estado
Quase metade dos remédios contra a malária vendidos em três países da África tem baixa qualidade, segundo um relatório divulgado ontem nos Estados Unidos. Entre 16% e 40% dos remédios feitos à base de artemisinina vendidos no Senegal, Madagáscar e Uganda não passaram nos testes de qualidade, pois continham impurezas ou não apresentavam quantidades suficientes do sal ativo, de acordo com os resultados da pesquisa em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os remédios à base de arteminisina são o único tratamento financeiramente viável contra a malária. Outras substâncias perderam a eficiência, pois a doença se tornou resistente a elas. Isso acontece quando uma quantidade insuficiente da droga é administrada para matar todos os parasitas transmitidos pelo mosquito. Se os remédios feitos com arteminisina pararem de funcionar, não há um bom substituto, e os especialistas temem que muitas pessoas possam morrer.
"É preocupante que quase todos os dados de má qualidade obtidos tenham sido resultado de quantidades inadequadas do princípio ativos ou a presença de impurezas no produto", disse Patrick Lukulay, diretor do programa não governamental U.S. Pharmacopeia, que realizou a pesquisa. "Trata-se de uma tendência perturbadora que surgiu."
"Estou alarmado com esses resultados porque isso significa que há muitos casos de malária que estão sendo apenas parcialmente tratados, o que garante a aceleração da resistência à arteminisina", disse Rachel Nugent, vice-diretora de Saúde Global do Centro Global de Desenvolvimento, uma entidade norte-americana. "Este é o estudo mais amplo realizado com medicamentos contra a malária e deve ser um sinal de alerta." Nugent não esteve envolvida no estudo.
Nos três países, as marcas de medicamentos contra a malária coletados em várias regiões e setores tenderam a não passar nos testes ou a apresentar resultados ruins, o que pode ajudar os governos em seu trabalho de retirar de circulação os medicamentos de má qualidade.
Os resultados dos outros países pesquisados – Camarões, Etiópia, Gana, Quênia, Malawi, Nigéria e Tanzânia – não foram divulgados pela OMS. Mas Clive Ondari, que trabalhou para a entidade na realização do estudo em Genebra, disse que as taxas de medicamentos que não passaram nos testes em três países desse grupo também foram altas. Gana já retirou mais de 20 medicamentos do mercado depois de receber os resultados iniciais, disse Lukulay.