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Etiqueta nas redes sociais

Revista da Farmácia (ed. 195):

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Um médico, uma enfermeira e uma recepcionista foram demitidos por debocharem de um paciente nas redes sociais. O caso aconteceu no Hospital Santa Rosa de Lima, em São Paulo. O clínico geral Guilherme Capel Pasqua publicou, em seu Facebook, uma foto na qual aparece com uma receita com a mensagem: “Não existe peleumonia e nem raôxis”. A postagem foi comentada pela recepcionista Adrielli Conti e pela enfermeira Renata Rodrigues, que também foram demitidas por comportamento inadequado.

Outro caso foi a de uma concessionária de motos do interior de São Paulo, que demitiu por justa causa um de seus funcionários porque ele curtiu no Facebook os comentários ofensivos à empresa e a uma das sócias da companhia. O rapaz acionou a Justiça, mas o Tribunal Regional Trabalhista (TRT) considerou válida a decisão da empresa.

Esses são apenas dois episódios dos milhares que acontecem, diariamente, nas redes sociais. Empresas estão demitindo funcionários por postagens inadequadas, por falarem mal do local onde trabalham ou por curtirem ofensas a colegas.

A advogada e especialista em Direito do Trabalho, Leticia Loures, explica que não existe vedação legal para que as empresas estipulem, no contrato de trabalho, condutas e posturas relativas ao uso das tecnologias e se as redes sociais podem ou não ser utilizadas. De acordo com ela, o que muitas empresas estão fazendo é utilizar cartilhas ou manuais de redação corporativos orientando os empregados sobre a linguagem mais apropriada nesses casos. “O que o funcionário e o empregador precisam saber é o limite do uso e das palavras nas redes sociais, pois o que é dito pode ter dimensões diferentes e levar a distintas interpretações. Todo cuidado deve ser tomado para que essas postagens não resultem em situações constrangedoras para ambos”, alerta Leticia.

Mesmo que os empregados tenham reconhecidos seus direitos à intimidade, privacidade e à liberdade de pensamento, expressão, convicção, credo e orientação sexual, a advogada aconselha que se tenha cuidado com as informações postadas nas redes sociais. “Para evitar problemas e demissões, o funcionário deve ficar atento às diversas manifestações na internet contra a imagem da empresa, a honra de seus dirigentes e colegas de trabalho, incluindo até mesmo os clientes”, detalha a advogada.

Em se tratando de divulgações na internet, a justa causa pode ser aplicada com base no artigo nº 482, alínea “k”, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que afirma que todo ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas contra o empregador e superiores hierárquicos constituem motivos para dispensa.

 

Feedback antes de demitir

O conceito de etiqueta é o conjunto de normas ou regras que denotam a boa educação e o bom comportamento. A ética é tudo aquilo que pertence ao caráter. A palavra etiqueta está associada à ética e, assim como nas relações humanas, nas redes sociais, é preciso entender o valor da ética para fazer bom uso da internet.

A especialista em Recursos Humanos, Lucia Gadelha, também concorda que muitas empresas estão de olho nas redes sociais, seja no momento da contratação ou ao longo das atividades dentro da organização. “Alguns líderes estão lá com intuito apenas de observar o comportamento do empregado, tanto no Facebook como demais mídias: Instagram, Twitter ou Linkedin. O colaborador precisa ficar atento ao que posta, comenta e curte”, alerta Lucia.

Um relatório produzido pelo Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente (IBRC) para a revista Você S/A, em 2014, constatou que o comportamento dos funcionários pode influenciar em uma promoção ou demissão.  O estudo também desbanca a ideia de que as empresas recorrem às redes sociais somente para fazer uma avaliação informal dos colaboradores e candidatos ou de que essa análise só verifica aspectos profissionais, como o que está descrito no Linkedin. O que o funcionário faz nas horas vagas o define muito mais do que a postura que ele tem no ambiente corporativo, tendo um peso maior na sua reputação. A pesquisa mostra ainda que as pessoas estão acostumadas a pensar na reputação nas redes sociais somente quando concorrem a uma vaga e acabam não cuidando da imagem quando já estão empregadas.

Segundo Lucia, as empresas podem dar um feedback para o profissional antes de tomar uma atitude mais radical, como a demissão. “Primeiro, a organização pode deixar claro o que espera do funcionário no que se refere ao comportamento dele na internet. A partir daí, observar as atitudes e, se for preciso, conversar. No meu ponto de vista, a justa causa deve ser sempre a última opção”, pontua.

 

Redes sociais com moderação

Fonte: Lucia Gadelha, especialista em RH

Comunicação Ascoferj

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