Folha de S. Paulo
O governo dos Estados Unidos estuda implementar a circuncisão em bebês nascidos no país como rotina para evitar a disseminação do HIV. Também é analisada a possibilidade de indicar o procedimento a heterossexuais com práticas sexuais de risco -hábitos cuja definição ainda está em discussão naquele país.
Os norte-americanos baseiam a proposta em estudos realizados no Quênia, na África do Sul e em Uganda. Esses trabalhos mostraram que heterossexuais circuncidados têm 60% menos chances de contrair o vírus da Aids em comparação com homens que não passaram pelo procedimento.
Outros estudos também mostram que homens não circuncidados apresentam maiores taxas de contaminação por outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis.
"Há pesquisas mostrando que a circuncisão diminui a transmissibilidade do HIV. Talvez a relação de menor atrito seja um fator protetor -com atrito acaba havendo pequenos traumatismos que facilitam a contaminação. Mas não deve ser a única política pública. A melhor alternativa para a prevenção ainda é o preservativo", pondera o infectologista Valdez Madruga, pesquisador do Centro de Referência e Treinamento DST-Aids de São Paulo.
Especialistas ressaltam que não existem evidências suficientes de que a circuncisão previne o contágio do vírus por homens que mantêm relações homossexuais.
Um estudo recente do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA com 4.900 homens que praticaram sexo anal com um parceiro infectado constatou que os índices de infecção entre os circuncidados e os que não se submeteram à cirurgia foram semelhantes.
A Academia Americana de Pediatria também revisa suas diretrizes no que diz respeito à circuncisão de bebês, também por causa de problemas no trato urinário que o procedimento ajudaria a prevenir, como a fimose (prepúcio apertado, que dificulta a limpeza do pênis).