Valor Econômico
A GlaxoSmithKline PLC e a Pfizer Inc. estão combinando suas divisões de drogas anti-HIV num caso raro de cooperação, agora que as duas rivais tentam reanimar uma área de produtos que enfrenta grandes desafios.
O acordo mostra até onde as farmacêuticas estão dispostas a ir em busca do crescimento nas vendas, agora que muitos de seus produtos mais importantes estão perdendo o fôlego. De início a Glaxo ficará com 85% da joint venture e a Pfizer com os 15% restantes. A nova empresa, que pode valer até 5 bilhões de libras (US$ 7,5 bilhões), terá 19% do mercado de drogas anti-HIV. A Glaxo, que tem sede em Brentford, na Inglaterra, é uma das farmacêuticas que mais vendem drogas anti-HIV, mas seus produtos são relativamente velhos e não estão crescendo tanto quanto a empresa gostaria. A Glaxo também está desenvolvendo um número relativamente pequeno de novas drogas anti-HIV.
A Pfizer, sediada em Nova York, tem várias drogas anti-HIV em desenvolvimento, mas poucas no mercado, e uma equipe de vendas menor que a Glaxo. As duas farmacêuticas esperam que, ao unir seus recursos, possam cortar custos e criar uma divisão mais ampla, com mais potencial para o crescimento a longo prazo.
O acordo é o mais recente sinal da tendência às fusões na indústria farmacêutica, que enfrenta um declínio no faturamento de produtos patenteados, assim como a dificuldade de desenvolver novas drogas. Em separado, a Pfizer está em um processo de fusão com a Wyeth, em uma aquisição de US$ 68 bilhões.
"Creio que veremos o setor enfrentar a realidade dos desafios existentes", disse Andrew Witty, diretor-presidente da Glaxo, em uma teleconferência. "Também vemos, até certo ponto, uma nova geração de executivos preparados para sair à frente com novas soluções." Witty assumiu a presidência executiva no ano passado. Jeffrey Kindler tornou-se diretor-presidente da Pfizer em 2006.
Witty já disse muitas vezes que a Glaxo não está interessada em uma grande fusão, e mencionou o acordo relativo às drogas anti-HIV como o tipo de colaboração menor, mais criativa, que a empresa vai buscar. "Vamos procurar outras maneiras de fazer coisas semelhantes", disse.
Em comunicado, Kindler disse que a nova empresa vai "alcançar mais pacientes e conseguir muito mais realizações no tratamento do HIV em nível global do que qualquer uma das duas empresas faria sozinha"
Em conjunto, as divisões de anti-HIV das duas empresas registraram vendas de 1,6 bilhão de libras (US$ 2,38 bilhões) no ano passado, e lucro operacional de 870 milhões de libras. Os analistas costumam calcular o valor total desse tipo de empresa como o dobro ou o triplo das vendas, o que daria à nova empresa um valor de cerca de 4 a 5 bilhões de libras. A nova farmacêutica terá onze produtos no mercado, entre eles Combivir e Selzentry, e até sete outros em desenvolvimento.
Mitigar os altos riscos do desenvolvimento de novos remédios é uma das atrações do trabalho conjunto. Fazer uma nova droga passar por todos os testes clínicos pode custar centenas de milhões de dólares, e muitas drogas fracassam.
As drogas anti-HIV têm representado um freio no crescimento das vendas da Glaxo. No ano passado essas vendas chegaram a 1,5 bilhão de libras, subindo 5% em relação a 2007, ao passo