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Medicamento para a atenção ajuda a reter a memória

Folha de São Paulo

Droga receitada para criança hiperativa aumentou taxa de lembrança em experimento com adultos de diversas idades. Memorização de fatos banais cai a partir dos 40 anos, mas cientista diz que mudança pode ser sinal de uma vantagem cognitiva.

Um experimento que investigou a deterioração da memória ao longo do envelhecimento mostrou que uma droga usada para tratar déficit de atenção em crianças hiperativas pode aumentar a taxa de lembrança em pessoas de todas as idades. O metilfenidato -conhecido pelo nome comercial ritalina- fez com que pessoas de todas as idades tivessem pontuação melhor em testes de memória, afirmam pesquisadores da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

O objetivo primário do experimento relatado em estudo na revista "PNAS" (www.pnas.org), porém, não era sugerir o uso de drogas para melhorar o desempenho cognitivo, e sim investigar os mecanismos neurológicos envolvidos na memorização. A descoberta que os cientistas descrevem é que o desempenho de adultos para reter memória só tem declínio quando são consideradas informações "incidentais".

Comparada a uma pessoa de 25 anos, por exemplo, outra de 45 anos tem mais dificuldade para lembrar a que filmes assistiu na TV na semana passada. Usando familiares "infiltrados" na casa dos voluntários da pesquisa, os neurocientistas Iván Izquierdo e Martín Cammarota conseguiram comprovar isso.

Essa diferença poderia ser explicada apenas pelo fato de que adultos mais velhos acumulam mais responsabilidades e precisam lidar com mais informação. O uso da ritalina, porém, fez com que o desempenho dos adultos mais velhos melhorasse nos testes, mostrando que a teoria da "cabeça cheia" não é 100% válida. Há um claro componente biológico envolvido no processo, afirmam os cientistas, que deram a droga apenas a voluntários que já a haviam tomado no passado.
Besteiras deletadas
Izquierdo, porém, explica que a dificuldade para reter memórias incidentais não é um sinal de deterioração mental e pode até estar ligada a características que conferem vantagem a pessoas acima dos 40.
"Nós não incentivamos [o uso dessa droga] e, pelo contrário, estamos dizendo claramente que essa perda de memória não necessariamente deve ser tratada", disse o neurocientista em entrevista à Folha. "Pode ser que essa persistência limitada da memória seja útil, porque então nós não enchemos a cabeça de besteiras -como os filmes de TV da semana passada- e passamos a nos lembrar mais das coisas importantes."

Um segundo teste conduzido pelos pesquisadores foi diferente, e pediu aos voluntários para memorizar um pequeno texto em vez de espioná-los no sofá de casa. O desempenho dos adultos de 41 a 50 anos foi praticamente o mesmo dos voluntários de 16 a 40, em provas aplicadas dois e sete dias após a leitura. Para esse tipo de memória "formal", dizem os cientistas, não ocorre declínio significativo com a idade.
Pílula do estudo
O uso da ritalina, porém, melhorou o desempenho de todos os voluntários no teste
Segundo Cammarota, isso mostra que a persistência de uma memória pode ser manipulada após a sua aquisição, com drogas que promovam a dopamina, um transmissor de impulsos nervosos no cérebro. "A administraç&atil

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