Enquanto muitos setores da economia já enfrentavam dificuldades expressivas, as farmacêuticas puderam respirar aliviadas com o crescimento de 45% do faturamento, pelo canal farmácia, nos últimos quatro anos. Só em 2014, o aumento foi de 11,4%, chegando a R$ 41,8 bilhões, apesar do Produto Interno Bruto (PIB) praticamente estagnado. Mas agora, o desafio está aumentando. Com as mudanças na economia promovidas pelo Governo Federal e suas consequências ao custo de produção, as farmacêuticas buscam cada vez mais eficiência em seus processos. Além disso, o real tem se desvalorizado diante do dólar, o que prejudica a importação de insumos, e não há perspectiva de cenários melhores tão cedo. Por conta do sistema de regulação do mercado, a indústria não pode repassar nem parte dos novos custos ao consumidor. O preço de seus produtos é controlado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) que, por lei, define o aumento de preço uma vez no ano com base numa fórmula específica. Neste ano, o reajuste médio foi de 6%, enquanto a inflação foi de 7,7%. Nos últimos 10 anos, a defasagem dos reajustes anuais passa de 21%, com relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período. Para manter o ritmo de crescimento, a indústria busca soluções para alguns entraves crônicos no País. O primeiro deles é o fato de não haver uma resposta organizada e realista para a questão do acesso. Cerca de 74% dos medicamentos brasileiros são comprados e pagos pelo bolso das pessoas, sem apoio do governo. Isso significa que a medicação mais complexa e mais cara acaba não chegando à maioria da população. O segundo ponto é a questão tributária. O Brasil é campeão mundial em imposto sobre medicamentos. Temos uma situação injusta porque mesmo olhando os tributos dentro do país, o medicamento paga mais do que outros produtos, como, por exemplo, biquíni e ursinho de pelúcia; e isso prejudica o acesso da população aos tratamentos que precisa. Fonte: Saúde Business