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Mudanças na Ranbaxy indicam futuro dos laboratórios

Valor Econômico

Quando os executivos da Ranbaxy Laboratories e da Daiichi Sankyo reuniram-se em Tóquio no começo do ano foi – nas palavras de um executivo indiano – um momento no setor farmacêutico em que o McDonald’s encontrou-se com restaurante do guia Michelin.

Cerca de um ano depois da companhia farmacêutica japonesa Daiichi Sankyo ter acertado a compra de uma participação de 64% na fabricante de genéricos indiana, Malvinder Singh, o presidente do conselho de administração e diretor-presidente, inesperadamente deixou a companhia.

A saída de Singh, no fim de semana, representa uma grande sacudida na Ranbaxy, uma empresa multinacional criada por três gerações de sua família. Também representa uma grande aposta para os novos controladores japoneses da companhia. As relações corporativas japonesas-indianas mal foram testadas fora da indústria automobilística na Índia. E agora os controladores japoneses estão prosseguindo sem a família fundadora no conselho, num ambiente operacional difícil.

Além disso, o momento é de teste para as exportações indianas. As exportações farmacêuticas do país para os Estados Unidos, um de seus maiores mercados, caíram cerca de 40% nos últimos meses. A queda deve-se em parte a uma custosa proibição de importação de alguns produtos da Ranbaxy pelas autoridades reguladoras americanas.

"Quando a Ranbaxy era uma entidade independente controlada pela família Singh, as decisões eram tomadas de uma maneira. Agora, ela é uma subsidiária de outra companhia e as decisões são tomadas de maneira diferente", disse o novo diretor-presidente da Ranbaxy, Atul Sobti, sobre a mudança na cultura administrativa ocorrida nos últimos meses.

Por enquanto, os investidores estão vendo os acontecimentos do fim de semana com otimismo. Na expectativa de que a saída de Singh possa levar a uma aquisição japonesa, o preço da ação disparou ontem, subindo 21% para 277 rúpias. Há também uma sensação de alívio por se acreditar que o maior controle japonês poderá resolver o que vem sendo considerado um "casamento estranho" de duas companhias muito diferentes.

A família de Singh construiu a reputação formidável da Ranbaxy ao entrar nos mercados emergentes e desafiar agressivamente regimes de patentes com os medicamentos genéricos. O novo controlador japonês da Ranbaxy, por outro lado, é mestre na inovação, atendendo apenas um punhado de mercados desenvolvidos com produtos de alta qualidade.

A imagem do casal estranho ganhou ainda mais força por causa do preço pago pela Daiichi pelo controle da Ranbaxy. A aquisição pareceu muito cara desde o momento em que foi acertada, em junho. O preço de 737 rúpias por ação não refletia nem as dificuldades que a Ranbaxy estava tendo com as autoridades reguladoras americanas sobre os padrões adotados em duas de suas fábricas na Índia, nem a crise financeira mundial.

Até ontem, o preço da ação da Ranbaxy vinha flutuando por volta de 220 rúpias a unidade. "A mudança na cúpula parece ser uma boa notícia para os dois lados. Seria sempre difícil imaginar como Singh poderia continuar trabalhando com a Daiichi, dados os problemas nos EUA e o preço pago pela Daiichi", diz Pelham Smithers, analista da corretora de valores japonesa Pali International.

Executivos das companhias indiana e japonesa

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