Diário de Pernambuco
A fábrica de vacinas da suíça Novartis em Goiana, a 60 quilômetros do Recife, vai começar a sair do papel. O pontapé foi dado ontem, com o lançamento da pedra fundamental do empreendimento, que está orçado entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões. As obras terão início nas próximas semanas, podendo mobilizar o trabalho de até mil pessoas. Enquanto o projeto ainda está sendo finalizado, a empresa vai providenciar o cercamento do terreno de 36 hectares, terraplenagem, acessos e fornecimento de água e energia elétrica. A entrada em operação está prevista para 2014, com a expectativa de gerar inicialmente 120 empregos.
O namoro durou dois anos. "Vim aqui pela primeira vez há dois anos como o pai da noiva, para anunciar o noivado. Hoje (ontem) estou anunciando o casamento", brincou o presidente da Novartis no Brasil, Alexander Triebnigg. Ele explicou que a planta vinha sendo disputada por diversos países. "O processo de atração de um investimento desse tamanho é tão competitivo quanto uma Copa do Mundo", comparou.
O Brasil, segundo ele, foi escolhido por oferecer estabilidade política e jurídica. "O Brasil tem o império da lei e uma das melhores leis de propriedade intelectual do mundo", completou, acrescentando que essas leis são importantes para empresas de pesquisa e desenvolvimento. A agilidade do governo estadual, aliada aos grandes empreendimentos que estão chegando a Pernambuco, teria contribuído para a decisão por Goiana.
A planta de vacinas do polo farmacoquímico será a primeira da Novartis na América Latina. Vai atender prioritariamente o mercado brasileiro (privado e o Programa Nacional de Imunização – PNI), mas também estará vocacionada para a exportação. De acordo com a diretora da divisão de Vacinas & Diagnósticos da Novartis, Glaucia Vespa, a fábrica irá contribuir para que o Brasil atinja a autossuficiência na produção de vacinas. A unidade vai produzir vacinas pediátricas e bacterianas glicoconjugadas, altamente eficazes contra doenças graves e potencialmente mortais, como a meningite meningocócica.
A Novartis está há 80 anos no Brasil como líder no segmento farmacêutico, produzindo medicamentos genéricos (Sandoz) e de consumo (saúde animal e oftalmo). Vacinas e diagnóstico é a mais nova divisão, iniciada após a compra da Chiron, com sede em Cambridge, nos Estados Unidos. São poucas as plantas de vacinas no mundo. A própria Novartis possui unidades na Inglaterra, Alemanha, duas na Itália e mais uma em construção nos EUA. "Esse (novo) investimento é uma vitória para o Brasil e para o estado de Pernambuco", comemora Glaucia Vespa.
Para poder entrar em funcionamento, em 2014, a unidade de Goiana passará por uma pré-qualificação da Organização Mundial de Saúde (OMS). A fábrica terá, ainda, que ser validada e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).