O Estado de S. Paulo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que o parasita causador da malária está cada vez mais resistente à artemisinina, o melhor medicamento disponível, e o fracasso em frear essa tendência poderá ter graves consequências.
"Esta região (do leste da Ásia) tradicionalmente tem sido o foco de resistência a drogas antimaláricas e agora temos a resistência à artemisinina principalmente na fronteira tailandesa-cambojana," disse John Ehrenberg, conselheiro regional da OMS sobre malária e outras doenças parasitárias e transmitidas por vetores.
"Se isso não for contido, pode ter implicações globais e a mais grave seria na África, que tem um grande ônus pela doença e as mais altas taxas de mortalidade," afirmou ele à Reuters nos bastidores de uma reunião regional da OMS em Hong Kong.
Embora a malária seja evitável e tratável, ainda houve entre 189 milhões e 327 milhões de casos em 2006, resultando em entre 610 mil a 1,2 milhão de mortes.
Metade da população mundial está sob risco, em especial os pobres e os que vivem em áreas remotas com acesso limitado ao sistema de saúde. Uma criança morre em decorrência da malária a cada 30 segundos. A artemisinina, um derivado da planta artemísia, é a melhor droga disponível, mas o uso indevido e prescrições em excesso fizeram com que o parasita se tornasse resistente a ela.
A melhor maneira de prolongar o uso da droga seria utilizá-la em combinação com outras drogas antimaláricas. Quase todos os países da região da Ásia do Pacífico mais atingidos pela doença prometeram fazer isso. "Os especialistas têm defendido a terapia combinada para garantir que esse problema não aumente… todos os países endêmicos da região, com uma exceção, adotaram (o plano) e esperamos ganhar o décimo logo," afirmou Ehrenberg.
Os dez países são Camboja, China, Laos, Malásia, Papua Nova Guiné, Filipinas, Coreia do Sul, Ilhas Salomão, Vanuatu e Vietnã. Em 2008, esses dez países registraram 248.141 casos confirmados de malária e 1.005 mortes. Seguindo o acordo, o uso da artemisinina sozinha para o tratamento da malária deve ser banido até 2015.