Gazeta Mercantil
Os laboratórios farmacêuticos poderiam produzir 4,9 bilhões de vacinas contra a gripe pandemia por ano, na melhor das hipóteses, disse ontem a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, enquanto os países ricos e pobres discutem por causa da limitação dos estoques.
Chan disse a jornalistas após um encontro com 30 indústrias farmacêuticas que "há muitas perguntas não respondidas", sobre a quantidade de vacinas que podem ser feitas para proteger a população do vírus H1N1.
De acordo com ela, a estimativa de 4,9 bilhões de tratamentos "é muito otimista", e será muito reduzida se for preciso imunizar cada pessoa com duas doses ou se a produção de vacinas contra a gripe sazonal comum continuar.
A chegada ao mercado da vacina contra a eventual gripe pandêmica levaria 4 a 6 meses, segundo a OMS. Ela precisa passar por testes em cobaias e em humanos antes de ser aprovada.
Na mesma entrevista coletiva, o secretário geral da ONU, Ean Kimoon, disse que, embora a doença pareça branda, sua difusão global precisa ser monitorada, especialmente nos países pobres. "Podemos estar num período de graça com o H1N1, mas ainda estamos na zona de perigo", disse Ban.
Antes, em discurso à assembléia anual da OMS, ele havia defendido a colaboração entre governos e laboratórios para conter o impacto da doença, que já contaminou quase 10 mil pessoas e matou 79, principalmente no México.
Grávidas e pessoas com problemas prévios de saúde, como Aids, diabete e asma, são mais suscetíveis aos sintomas mais graves da nova gripe, que mistura elementos de vírus suínos, humanos e aviários.
Especialistas dizem que a chegada do inverno no Hemisfério Sul pode contribuir com a difusão da doença nessa região. Executivos do setor farmacêutico que participam do encontro da OMS em Genebra disseram estar preparados para a produção da vacina contra o H1N1 se for necessário, e aguardando instruções sobre como equilibrar sua produção entre a vacina para a pandemia e a imunização contra a gripe sazonal Seis empresas prometeram disponibilizar 10% da sua produção de vacinas para países pobres, e oito estão negociando doações, disse Gelmer Leibbrandt, gerente-geral da Nobilon, subsidiária da Schering-Plough.
Chan disse que os fabricantes de vacinas têm demonstrado um "seríssimo compromisso" em ajudar a comunidade internacional nos preparativos contra a pandemia.