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Para especialistas, vacina não exclui preservativo

O Estado de S. Paulo

Movimentos de aids destacam a importância da proteção na relação sexual; no País, uso da camisinha cai enquanto n.º de parceiros sobe

Especialistas e representantes de movimentos de aids no Brasil comemoram o avanço da vacina em pesquisa feita na Tailândia, mas destacam que ela não pode excluir o uso do preservativo. Pesquisa divulgada neste ano pelo Ministério da Saúde sobre o comportamento sexual do brasileiro revelou que o número de relações eventuais vem crescendo enquanto o uso da camisinha, diminuindo.

"É preciso combinar a proteção do preservativo com a proteção biológica", afirmou o militante do Grupo Arco-Íris
Claudio Nascimento. Para o estilista Carlos Tufvesson, ativista do movimento gay, a importância do uso da camisinha deveria ser intensificada agora. "Me preocupo em como os jovens receberão a notícia da vacina. Muitos deles acham que a aids é uma doença leve – eles não viram personalidades morrerem e as campanhas não falam sobre os efeitos colaterais dos medicamentos. Precisamos reforçar o uso do preservativo como forma de evitar o contágio."

De acordo com Cristina Possas, coordenadora da Unidade de Pesquisa do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, no Brasil, a vacina não seria adotada de forma isolada, mas sim como parte de uma estratégia para reduzir cada vez mais os números da doença – o uso do preservativo e as campanhas continuariam sendo fundamentais.

"Como o Brasil conseguiu um avanço muito grande no controle da epidemia, os jovens têm se sentido mais à vontade para não usar o preservativo", afirmou Cristina. De acordo com levantamento do ministério, o número de brasileiros que tiveram mais de cinco parceiros no último ano passou de 4% para 9,3% de 2004 a 2008. Nesse tipo de relação, o uso de preservativos caiu 5 pontos porcentuais: de 51,6% para 46,5%.

A pesquisa mostra, porém, que quanto menor a faixa etária, maior o uso do preservativo. Entre os jovens de 15 a 24 anos, 30,7% usam camisinha com parceiros fixos. Entre os que têm de 25 a 49 anos, o porcentual cai para 16,6%.

Mais recursos

Para Cristina, a pesquisa feita na Tailândia vai incentivar o ministério a destinar mais recursos no desenvolvimento de uma vacina e ajudar na definição dos projetos que receberão o restante dos R$ 25 milhões que serão investidos até 2012. Atualmente, 13 estudos recebem financiamento federal e uma nova chamada está em andamento. "Vamos focar mais nas pesquisas que estão alinhadas com as novas descobertas, tanto a da vacina quanto o achado dos anticorpos neutralizantes."

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