Abafarma
O número de medicamentos falsificados e irregulares apreendidos no Brasil neste ano já é oito vezes maior do que em 2008. Um convênio selado entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e as policias Federal e Rodoviária Federal resultou no recrudescimento da fiscalização.A maior apreensão foi registrada no Paraná, uma das portas de entrada do contrabando. A Polícia Rodoviária Federal recolheu 34 mil unidades de comprimidos com um homem que viajava em um ônibus de linha, no último dia 19. Ele foi abordado no posto de Céu Azul, na BR-277, a 90 quilômetros de Foz do Iguaçu.
A apreensão foi a maior feita este ano pela Polícia Rodoviária e representa mais de 30% do total de medicamentos retidos em 2008 na região de Foz do Iguaçu. Segundo a Anvisa, somente nos quatro primeiros meses deste ano já foram retiradas de circulação mais de 170 toneladas de medicamentos em todo país. Em 2008, o total chegou perto de 21 toneladas.
Os contrabandistas utilizam diversas estratégias para driblar a fiscalização. O homem preso em Céu Azul escondia comprimidos em um microcomputador, em um aparelho de som, dentro da própria mala e no tênis. Ele transportava, em um ônibus que seguia para Curitiba, quatro mil unidades de Cytotec, usado como abortivo; 10 mil unidades de Pramil, para impotência; e 20 mil unidades de Rheumazin, para reumatismo.
O assessor de segurança institucional da Anvisa, Adilson Bezerra, diz que desde o início do ano mais de 40 operações foram realizadas em todo o país. A maioria dos remédios que chega ao destino final é revendida em farmácias, drogarias e feiras livres. Segundo Bezerra, nem sempre o consumidor sabe o que está tomando, mesmo estando ciente de que o remédio veio do Paraguai. “O consumidor sabe que está comprando remédio do Paraguai no caso do contrabandeado. Mas no caso do falsificado, não”, diz.
Bezerra alerta que vem crescendo a venda de medicamentos on-line, em páginas do Orkut, blogs e sites. Para atrair os clientes, as quadrilhas chegam a montar comunidades no Orkut e fazem a entrega pelo correio. Mas a polícia e os técnicos da Anvisa monitoram constantemente páginas e realizam operações para combater o crime virtual. Uma das últimas, a Operação Virtualfarma, resultou na prisão de 11 pessoas em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Praticamente todos os medicamentos comercializados eram provenientes do Paraguai.
Médicos e especialistas alertam quem costuma comprar medicamentos do Paraguai ou sem receita. O farmacêutico Mário Trovão lembra que muitos remédios vendidos no Paraguai têm a comercialização proibida no Brasil, por isso é preciso tomar cuidado. Ele também diz que alguns medicamentos, entre eles os usados para perder peso, podem causar dependência se não houver acompanhamento médico. “Cada vez mais a pessoa usa, é como se fosse uma droga”, diz.