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Proposta da Pfizer pela AstraZeneca vira bandeira política no Reino Unido

O líder da oposição no Reino Unido contribuiu ontem para o furor em torno da proposta de compra da Pfizer pela AstraZeneca, ao acusar o primeiro-ministro David Cameron de atuar como ‘uma líder de torcida" para o grupo farmacêutico dos Estados Unidos. Ed Miliband, o líder Trabalhista, disse que o Reino Unido precisa implementar um "teste de interesse público" mais forte para as tentativas de estrangeiros de comprarem companhias estrategicamente importantes. Sua intervenção se deu no momento em que a Pfizer estuda seu próximo passo, depois que a AstraZeneca recusou uma oferta melhorada de 63 bilhões de libras (US$ 106,2 bilhões) na sexta-feira. Analistas e investidores acreditam que a Pfizer deve apresentar uma proposta melhor antes do prazo final para uma oferta firme, dia 26 de maio, estipulado pela lei de "takeover" do Reino Unido. Ian Read, executivo-chefe e presidente do conselho de administração a Pfizer, terá hoje a chance de reiterar seu interesse no negócio, ao anunciar os resultados da companhia no primeiro trimestre. A crítica de Miliband ao governo indica que o Partido Trabalhista pretende intensificar sua vigilância sobre aquele que poderá ser o maior "takeover" realizado de uma companhia britânica por um grupo estrangeiro. Ele disse que o primeiro-ministro se posicionou "totalmente do lado errado" ao permitir a entrada de ministros e servidores públicos graduados nas negociações com a Pfizer sobre empregos e investimentos mesmo com a AstraZeneca resistindo à abordagem da americana. "Ele [Cameron] se transformou em uma líder de torcida para a proposta da Pfizer, quando deveria estar promovendo a agenda de longo prazo para os empregos de qualidade que a AstraZeneca oferece neste país", disse Miliband. O líder Trabalhista também escreveu a Cameron propondo um papel maior para o governo britânico na supervisão de quaisquer negócios futuros como esse. Miliband reconheceu que o "takeover" é uma parte essencial de uma economia funcional, podendo levar a uma maior eficiência e serviços melhores. "Todavia, também reconhecemos que com muita frequência nos últimos anos grandes ‘takeovers’ não proporcionaram os benefícios prometidos", disse ele. "Nesta oferta em particular os riscos são mito altos", completou. O governo britânico respondeu às criticas da oposição: "O governo não está incentivando a Pfizer, está lutando por empregos e pela ciência deste país." Na semana passada, Read conversou com ministros durante visita a Londres e, na sexta-feira, comprometeu-se em manter uma grande presença no Reino Unido. Ontem, Miliband disse que nenhum outro país do mundo "aprovaria essa proposta" com base nas "garantias muito fracas da Pfizer". O lider trabalhista acrescentou que o grupo americano tem "um histórico muito questionável" no Reino Unido, apontando para o fechamento parcial do centro de pesquisas da Pfizer em Sandwich, no sudeste da Inglaterra, há dois anos. Chuka Umunna, secretário do Gabinete Paralelo que já demonstrou ceticismo sobre um teste de interesse público para takeovers estrangeiros, disse estar cada vez mais convencido que é preciso fazer mais para proteger as grandes companhias britânicas.   Fonte: Valor Econômico

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