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Remédio usado para enxaqueca pode tratar vícios de álcool e cigarro ao mesmo tempo

R7

Médicos da USP verificaram que cerca de 40% dos pacientes do grupo de estudo diminuíram o consumo das duas drogas

Pesquisadores da USP descobriram que o topiramato, droga usada para tratar enxaqueca e epilepsia, pode ajudar pessoas a pararem de fumar e beber ao mesmo tempo. Mesmo entre aqueles que não tenham a intenção de abandonar os dois vícios juntos – já que a dificuldade é maior.

O topiramato controla a impulsividade, a ansiedade e age no cérebro bloqueando a ação de uma substância chamada glutamato, relacionada com os sintomas de abstinência do álcool. E isso, pelo jeito, pode ser aplicado também ao tabaco.

O estudo foi feito com 155 homens alcoólicos, entre eles, 103 fumantes. Os dois grupos receberam ajuda para parar de beber e foram divididos em três subgrupos. O primeiro consumiu o topiramato, o segundo, naltrexona (droga indicada para o tratamento do alcoolismo), e o terceiro, placebo (uma pílula feita com amido, sem nenhum princípio ativo).

Os que tomaram topiramato passaram a consumir, em média, 40% menos cigarros. Já os que fizeram uso da naltrexona e da pílula de amido reduziram o fumo em 10%. Para o psiquiatra Danilo Baltieri, coordenador do estudo, a redução de cigarros entre os pacientes do primeiro grupo não pode ser simplesmente relacionada com a diminuição do consumo de bebida – já que pesquisas anteriores mostram que o álcool estimula o tabagismo e vice-versa.
– É tentador teorizar que o topiramato tenha efeitos antifumo entre alcoolistas fumantes e ajude a reduzir o consumo de cigarros entre eles. Mas ainda precisamos ter mais certezas sobre esses efeitos.

Comparando os resultados entre os dois grupos, os pesquisadores constataram também que os fumantes apresentaram um risco 65% maior de recaída em relação ao álcool do que os não-fumantes.
– O álcool e a nicotina atuam juntos. O álcool geralmente é inibidor e a nicotina, estimulante.

Até agora não existe um procedimento padrão para combater os dois vícios simultaneamente. Daí a expectativa do grupo de estudiosos. Para Baltieri, “a possibilidade de que um tratamento farmacológico possa ser desenhado para tratar ambas as condições abre novos horizontes para pacientes e médicos”.

Mas ele alerta para a seriedade do tratamento de ambos os problemas.
– Quem precisa parar com as duas drogas deve procurar um psiquiatra especializado em dependência química. É ele que vai decidir qual a melhor forma de tratamento.

É que o topiramato, assim como qualquer medicamento, pode não surtir os mesmos efeitos positivos em todos os pacientes. Por isso, ele só é vendido com receita médica.

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