Jornal O DIA – Piauí
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, as vendas dos medicamentos genéricos e de marca sofreram uma queda de percentual em relação aos similares. Segundo a pesquisa, os medicamentos de marca atualmente ocupam o segundo lugar do ranking, com 20,46%, e os genéricos, o terceiro, com 13,23%, enquanto os similares atingem 65,31% de todo o consumido no Brasil.
Pode ser confuso para muitas pessoas tentar diferenciar os três tipos de medicamentos. Quem explica a diferença entre eles é o coordenador do programa de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Piauí, José Lamartine. Ele levanta a questão da patente como peça crucial para diferenciar os tipos comercializados no país.
Segundo Lamartine, os medicamentos de marca (ou de referência) são aqueles que normalmente são os mais usados e conhecidos há maior tempo pela população, por terem sido os pioneiros e únicos a terem direito a usar a composição durante o tempo que compreende a patente e por terem sua eficácia historicamente comprovada. Ao contrário dos similares e genéricos, ele não possui identificação de seu tipo no rótulo.
Os similares são aqueles medicamentos que surgem logo após o vencimento da patente, utilizando a mesma composição do de referência ao qual pretende igualar seu efeito. A diferença é que os medicamentos de marca e genéricos sempre tiveram sua qualidade testada e comprovada antes da comercialização. Os similares devem obrigatoriamente conter o seu componente ativo no nome ou na marca.
Segundo Lamartine, o preço dos similares pode ser apontado como um grande contribuinte para esse aumento no percentual de consumo. O coordenador afirma que, antigamente, era muito mais simples conseguir registrar um medicamento similar, mesmo que este não obtivesse grande confiabilidade.
De alguns anos para cá, a Anvisa determinou que todos os medicamentos deveriam passar pelos mesmos testes para poderem ser comercializados no Brasil. “A partir daí os similares passaram a ter as mesmas características dos genéricos, e não mudaram seus nomes e marcas para genéricos simplesmente por uma questão comercial”, afirma Lamartine.
Contraditoriamente aos dados divulgados pela última pesquisa da Anvisa, o coordenador afirma que isso deixará os similares com os dias contados. “A tendência é que eles acabem desaparecendo”.