O Estado de São Paulo
Apresentação pela Fiocruz, no Rio, do 1.º lote do oseltamivir foi adiada de ontem para hoje
O Ministério da Saúde adiou de ontem para hoje a apresentação do primeiro lote do oseltamivir, remédio contra a gripe suína, que será encapsulado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Oficialmente, alegou problema de agenda de seu representante, mas o Estado apurou em Farmanguinhos, laboratório da Fiocruz responsável pela fabricação de remédios, que a produção foi parcialmente interrompida por um defeito no sistema de umidade da sala onde é feito o encapsulamento.
O diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe, admitiu o problema com a umidade em um teste. Segundo ele, houve desajuste no equipamento, o que umedeceu algumas cápsulas, que foram invalidadas. Mas negou a interrupção da produção. Ele afirmou que o primeiro lote está "bastante adiantado" e será entregue até amanhã.
Ontem, o governo anunciou que vai facilitar o acesso da população ao oseltamivir, recomendando aos Estados que ampliem os postos de distribuição, a exemplo do que foi feito por São Paulo. Mas especialistas como David Uip temem que o uso sem critérios da droga faça com que ela perca a eficácia, já que ela apresentou resistência a vírus da gripe comum."Tem de haver um enorme discernimento na indicação", disse Uip.
Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou que até o fim do mês estariam disponíveis os primeiros 150 mil tratamentos produzidos pela Fiocruz. O ministro José Gomes Temporão tem pressionado para agilizar a apresentação do primeiro lote, na busca por uma agenda positiva em meio ao aumento dos casos da nova gripe.
Os remédios são fabricados com base no princípio ativo do laboratório Roche, que comercializa o Tamiflu. A compra, feita em 2006, corresponde à produção de 9 milhões de caixas com dez unidades, o que, afirma o governo, seria suficiente para todos os infectados.
A pedido do Ministério da Saúde, os funcionários de Farmanguinhos foram convocados a dar prioridade ao serviço. Os testes bioquímicos foram adiantados. A produção chegou a ser iniciada, mas o defeito surgiu justamente na etapa final da produção. O conserto foi providenciado com urgência.
O problema frustrou o corpo técnico que tem trabalhado dobrado para atender à demanda do ministério. Eles tentam superar as deficiências de infraestrutura do complexo de Farmanguinhos em Jacarepaguá. Em 2008, Farmanguinhos teve problema no teste de bioequivalência do Efavirenz, um dos antirretrovirais usados no tratamento de pacientes com HIV e que teve a patente quebrada pelo Ministério da Saúde. O remédio ficou pronto com atraso.
Vacinas
Nos Estados Unidos, as autoridades sanitárias pretendem vacinar 160 milhões de pessoas – pouco mais da metade de sua população -, grupo formado por grávidas e crianças, entre outras pessoas consideradas como prioridade. Até o fim de outubro, pelo menos 120 milhões de doses devem estar prontas.