A medicina reprodutiva vem apresentando progressos significativos ao longo dos anos, entre eles uma melhora no processo de preservação da fertilidade. Com isso, cada vez mais mulheres passaram a optar pelo congelamento de óvulos no planejamento de uma gravidez futura. No entanto, uma pesquisa do projeto Gravidez na Minha Hora, da biofarmacêutica Ferring, mostra que a falta de informações pode atrapalhar esse processo.
O prof. Dr. Dani Eizenberg, médico especialista em reprodução assistida, afirma que o Brasil tem uma legislação abrangente e tecnologia de ponta que contribuem para uma alta procura, mas a desinformação ainda é grande: “A conscientização é muito importante para conferir segurança à paciente que deseja congelar óvulos, demonstrando que há amplo poder de escolha feminino e estimulando as mulheres a se apropriarem da autonomia que merecem ter”.
O médico explica as dez principais dúvidas acerca do tema, desvendando o que é mito e o que é verdade.
1 – O processo de congelamento de óvulos é complexo: MITO. Atualmente, dura em média duas semanas a partir da data do início do período menstrual e envolve um período de 8 a 12 dias de estímulo à ovulação por meio dos hormônios controlados. Depois é feita a aspiração dos óvulos sob efeito de sedação e de forma totalmente indolor.
2 – A criopreservação precisa ser feita em faixa etária determinada: MITO. Não há idade limite, embora seja recomendado que seja feito antes dos 35 anos, quando é possível obter os melhores resultados devido à quantidade e à qualidade dos óvulos.
3 – As mulheres devem começar a pensar no congelamento apenas depois dos 30 anos, quando têm relacionamento bem estabelecido: MITO. O congelamento deve ser levado em consideração se a mulher pensa em postergar a maternidade para além do auge da fertilidade, que ocorre até os 34 anos, principalmente se não tem um parceiro com quem possa congelar seus embriões. É recomendado também para casos em que há o desejo de reprodução independente ou para casais homoafetivos femininos.
4 – O óvulo pode ficar congelado por muito tempo sem perda de qualidade: MITO. Ainda não se sabe o limite de tempo em que os óvulos congelados permanecem viáveis. Hoje, a técnica de maior sucesso de criopreservação é a de vitrificação, com até 196º C negativos.
5 – Para um casal infértil é preciso esperar três anos para se cogitar a realização da Fertilização In Vitro (FIV) e só pode ser feita quando constatada a infertilidade da mulher: MITO. Se a paciente tem menos de 35 anos, sem alterações de fertilidade previamente conhecidas e está tentando engravidar, o comum é que a maioria consiga dentro do prazo de um ano. Entre 35 e 39 anos, o período de tentativas é de seis meses. Acima dos 40 anos, o indicado é tentar por três meses antes da avaliação médica especializada. Tanto o homem quanto a mulher sofrem de infertilidade, por isso é importante avaliar o procedimento mais indicado.
6 – As chances de gravidez por FIV estão atreladas à idade da paciente: VERDADE. Em uma primeira tentativa, uma mulher com menos de 35 anos tem cerca de 50% de chance de engravidar. Já para uma paciente entre 40 e 43 anos, o índice é reduzido para 26% e 4% respectivamente. Quando se utilizam óvulos doados a chance atinge 50% independentemente da idade da paciente que receberá os óvulos.
7 – A gravidez gemelar é comum: PARCIALMENTE VERDADE. Nas gestações sem tratamento, a chance de uma gravidez gemelar é 1%. Nas Fertilizações in Vitro, se dois embriões forem transferidos, por exemplo, a possibilidade é 10%. Contudo, com o avanço da tecnologia, a tendência é que se transfira cada vez menos embriões.
8 – A Covid-19 pode impactar na fertilidade: VERDADE. Ainda não há comprovação de que o vírus afete o útero e os ovários. Mas, dependendo da gravidade da doença, a função reprodutiva masculina pode ser prejudicada, já que pode atingir os testículos por ação direta. Aparentemente tem caráter temporário, podendo ter recuperação plena de qualidade do sêmen em três a seis meses.
9 – As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) têm algum tipo de relação com a fertilidade: VERDADE. A principal causa de infertilidade no Brasil é a alteração nas tubas uterinas ocasionada após uma IST. A Clamídia é a maior causadora desse problema, já que não apresenta sintomas em mulheres. Se for infectada três vezes, pode ter obstrução de até 50% das duas trompas. A Gonorreia também pode impactar na fertilidade.
10 – Com diagnóstico precoce e tratamento, mulheres que tiveram a fertilidade impactada por ISTs podem engravidar: VERDADE. O diagnóstico precoce e o tratamento correto podem diminuir os riscos futuros de infertilidade. Caso a tuba tenha sido afetada de forma irreversível, a FIV pode ser uma solução.
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