A endometriose, doença que afeta mais de sete milhões de mulheres no Brasil, recentemente teve um aumento de buscas na internet depois que a cantora Anitta compartilhou nas redes sociais que convive com ela.
O que é endometriose?
Comum entre mulheres jovens durante o período fértil, caracteriza-se pela presença do endométrio (camada que reveste o interior do útero) em órgãos externos ao útero, como trompas, ovários, intestinos e bexiga.
“A dificuldade que existe no diagnóstico é que a endometriose não aparece em exames de rotina e o exame para a detecção ainda é pouco acessível e disponível no Brasil e no mundo”, diz Igor Padovesi, ginecologista especialista em cirurgia para endometriose pela USP e pelo hospital Sírio-Libanês.
Segundo o médico, a partir da suspeita clínica, é preciso solicitar um exame de imagem específico, que pode ser a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal ou a ressonância magnética especializada.
Sintomas da doença
Entre os principais sinais de alerta são cólicas menstruais intensas, dores pélvicas fora das menstruações, dor profunda nas relações sexuais e, em casos mais avançados, dor nas evacuações ou ao urinar, durante o período menstrual.
Dados da Sociedade Brasileira de Endometriose mostram que 57% das pacientes têm dores crônicas, 62% sofrem com cólicas intensas e 55% apresentam queixas intestinais cíclicas. “Ouço relatos de mulheres que perdem dias de trabalho ou estudo em virtude de uma dor incapacitante. Muitas delas precisam ir ao pronto-atendimento tomar medicação para conseguir voltar à rotina. Outras, inclusive, não conseguem manter relações sexuais”, afirma Igor.
Existem casos mais brandos da doença, porque cada mulher é diferente. No entanto, chama a atenção o fato de que aproximadamente 30% delas podem ter dificuldade para engravidar.
Tratamentos
O tratamento pode ser feito por medicamento, com o uso do contraceptivo hormonal – pílula ou demais variações – ou por cirurgia de laparoscopia, para remover os focos da doença.
“No caso da infertilidade, a endometriose pode ser tratada com cirurgia, melhorando as chances de gravidez espontânea ou por fertilização in vitro. É importante destacar que o único tratamento capaz de eliminar a doença é a cirurgia. Os contraceptivos controlam os sintomas, possibilitando que muitas mulheres possam conviver com a doença, se os sintomas forem bem controlados”, explica o ginecologista.
Endometriose e menopausa
Para as mulheres que chegam à menopausa, a endometriose deixa de apresentar sintomas crônicos porque é causada pelo estímulo do estrogênio, produzido durante os ciclos menstruais. Mas a reposição hormonal é indicada para praticamente todas as mulheres (com exceções de portadoras de algumas condições), tanto para alívio dos sintomas da menopausa como para a prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento.
“No caso de mulheres com endometriose, a reposição pode voltar a estimular os focos da doença. Nesses casos, é sempre indicada uma avaliação com especialista e o tratamento definitivo com a retirada do útero costuma ser indicado”, finaliza Igor.
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Fonte: Revista da Farmácia