Folha de São Paulo
Uma pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) com remédios de uso comum entre as crianças mostra que 70% dos 51 produtos avaliados utilizam corantes em sua fórmula.
Sem efeito terapêutico, os corantes podem, ao contrário, causar reações indesejadas na pele e nos sistemas respiratório e gastrointestinal e, em pessoas mais sensíveis, levar ao choque anafilático.
Para Mirtes Peinado, autora da pesquisa, a substância traz outros riscos. "O corante é usado para atrair a criança para consumir o remédio, o que pode levar as maiores à automedicação", afirma.
Apesar de todos os corantes utilizados pela indústria farmacêutica serem autorizados para esse fim, 21 do total de 38 remédios pesquisados que contêm as substâncias informam sobre sua presença apenas na bula. "A mãe só descobre depois de abrir a embalagem e, se quiser devolver, a farmácia não vai mais aceitar", diz Peinado. Segundo ela, cerca de 10% dos remédios estão irregulares, pois não informam o nome do corante.
O corante vermelho ponceau 4R foi o mais utilizado -em 39% dos produtos- e, como outros dessa cor, está entre os que mais causam alergias. Em seguida, vieram o amarelo crepúsculo e o amarelo tartrazina. Cinco remédios utilizam dois corantes cada um.
Segundo a pesquisadora, o ideal é que os pais perguntem ao pediatra se alguma forma farmacêutica do remédio prescrito não contém corantes, já que muitos deles têm a substância em uma apresentação (xarope e comprimido, por exemplo), e não em outra. O mesmo ocorre entre remédios de marca e genéricos.