O Estado de S. Paulo
Com a compra, o Abbott vai elevar em US$ 3 bi as receitas anuais e pretende expandir sua atuação em mercados emergentes, como Leste Europeu e Ásia
A norte-americana Abbott Laboratories anunciou ontem a aquisição, por US$ 6,6 bilhões, da unidade farmacêutica da Solvay, companhia belga de produtos químicos. Segundo informou a empresa em comunicado ontem, a aquisição vai adicionar US$ 3 bilhões em vendas ao ano, especialmente em mercados emergentes de alto crescimento, como o Leste Europeu e Ásia. O objetivo da Abbott com a compra é expandir internacionalmente e aumentar o portfólio de produtos, disse o presidente Miles D. White.
O anúncio da Abbott é o mais recente de uma série de fusões e aquisições que vem ocorrendo no setor farmacêutico, e um dos três anúncios feitos ontem que envolveram o setor de vacinas, que cresce velozmente. Com a Solvay, a companhia ganha acesso a novas áreas terapêuticas, incluído terapias hormonais e vacinas.
Também ontem, a Johnson & Johnson adquiriu 18% de participação na empresa holandesa de biotecnologia Crucell NV, que está tentando desenvolver uma vacina contra a gripe universal, enquanto que a Merck comprou os direitos de venda nos EUA da vacina antigripal Afluria da australiana CSL.
Ambas as empresas produzem no Brasil. A Abbott informa estar entre as dez maiores indústrias farmacêuticas do País. Entre os medicamentos da companhia está o antiaids Kaletra. A Solvay detém medicamentos da área de saúde da mulher, gastroenterologia e cardiologia. Procuradas, as empresas não se pronunciaram sobre o impacto da aquisição sobre a operação brasileira.
O anúncio da Abbott também ocorre em um momento decisivo para os laboratórios. A proximidade de expiração de patentes acirrou a competição entre elas para aquisição de novos produtos. No início do ano, a suíça Roche comprou uma empresa do setor de biotecnologia, a Genentech, a Pfizer fez uma fusão com a Wyeth e a Merck com a Schering Plough.
Segundo analistas, o objetivo da compra da Solvay é diversificar sua fonte de receitas, já que mais de 35% dos ganhos da Abbott dependem da venda do Humira, medicamento usado no tratamento da artrite reumatoide. O remédio vai perder sua patente em 2016.
A analista do Credit Suisse, Catherine Arnold, tem dúvidas sobre o quanto a compra poderá gerar em novas receitas. "A Solvay não vai contribuir para o crescimento a longo prazo, nem reduzir a dependência da Abbott do Humira para crescer."
O presidente da Solvay, Christian Jourquin, informou que a venda vai lhe permitir "reorientar" suas atividades, que cobrem também produtos químicos e plásticos. "Estamos criando um novo grupo reorientado, com os recursos financeiros necessários para acelerar o crescimento", disse o presidente da Solvay.
Números
R$ 6,6 bilhões foi o valor pago, em dinheiro, pela Abbott pela área farmacêutica da belga Solvay
R$ 3 bilhões é quanto a nova companhia vai adicionar em vendas anuais ao grupo norte-americano