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ABCFARMA em novo momento

O novo presidente executivo da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFARMA) assume o cargo com a responsabilidade de modernizar a associação.

Revista da Farmácia (edição 191):

Foto Entrevista_IMG_7215O novo presidente executivo da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFARMA) assume o cargo com a responsabilidade de modernizar a associação. O advogado Renato Tamarozzi começou a carreira como estagiário no Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sincofarma/SP). Os atendimentos jurídicos ao longo da carreira muniram o executivo de informações e dados que, atualmente, o auxiliam no comando da ABCFARMA. “Esses atendimentos me trouxeram muitos aprendizados, não só profissionais, mas também para a vida. A pior parte é ver pessoas fracassando na atividade; a melhor é poder ajudar de alguma forma”, declarou na entrevista que concedeu à Revista da Farmácia. Leia a seguir.

Revista da Farmácia: Depois de dois anos no cargo, o senhor passou de diretor executivo a presidente executivo da ABCFARMA. O que isso significa na prática?

Renato Tamarozzi: É uma grande honra ser nomeado como presidente executivo pelo simbolismo que isso representa. Com essa mudança, que ainda precisa ser homologada em assembleia geral, há uma clara intenção de maior profissionalização da entidade. A ABCFARMA ainda precisa de muitos ajustes, mas estamos no caminho certo. Mesmo nesse ano de crise, não estamos esperando ela passar. Iniciamos o ano trabalhando duro para levar esperança ao setor, principalmente para as farmácias independentes.

RF: Em nota, a ABCFAMA disse que sua promoção representa uma modernização na entidade, que deve se adequar às exigências do segmento. Quais são essas exigências?

Tamarozzi: Se orientamos em nossos canais de comunicação que os empresários do setor devem ser eficientes, devem ter uma gestão profissionalizada e atitude para vencer os desafios, não podemos fazer diferente. A entidade também precisa demonstrar essas virtudes. É uma preocupação nossa e temos muito que melhorar nesse sentido. Essa nota é exatamente sobre esse aspecto. Todas as entidades sem fins lucrativos com características semelhantes à ABCFARMA estão passando por transformações. Quando digo com características iguais, refiro-me às entidades que se prestam a representar quem faz parte de categoria, sem segmentações por tamanho ou especificidades. Entendo que essa generalidade acaba tornando a missão mais difícil, pois nossas atividades não são para beneficiar parte do varejo farmacêutico ou uma parcela específica. Elas são voltadas para beneficiar ou defender os direitos da maioria, que, em nosso setor, são as farmácias independentes, formadas por microempresas e empresas de pequeno porte. Esse interesse da maioria representa, em regra, melhorias para a totalidade do setor.

RF: Quais mudanças já foram implantadas na ABCFARMA durante sua gestão como diretor executivo e quais resultados são esperados?

Tamarozzi: A maioria das mudanças é imperceptível ao público, pois foram internas e estruturais. Ano passado, iniciamos projetos para ampliar a eficiência na prestação de serviços para farmácias e drogarias. Esperamos aumentar nossa capacidade de atendimento, migrando para plataformas eletrônicas. Este ano, iniciamos o projeto de atendimento eletrônico em massa. Optamos por uma rede social corporativa. Esperamos que, em médio prazo, a qualidade de comunicação melhore e nossos associados continuem identificando a associação como um canal de informação confiável. Hoje, somos bombardeados por notícias em diversos canais, muitas delas que não passam de boatos, mas com o tempo só ficarão os canais que de fato têm algo importante para informar. Esperamos continuar sendo uma referência, não por divulgar informações privilegiadas que beneficiam poucos, mas pelo fato de participar ativamente das discussões relevantes do setor.

RF: Para o senhor, qual o maior desafio em comandar uma entidade de classe no Brasil do porte da ABCFARMA, com representatividade nacional?

Tamarozzi: O maior desafio sem dúvida é o financeiro. Não temos um grupo de empresas associadas que injetam recursos continuamente para cobrir os custos de nossas operações ou nossas atividades em defesa do setor. Dependemos da colaboração de parceiros da indústria, associações regionais, como a Ascoferj, sindicatos, entre outros, para poder ter a amplitude que temos. Por isso, desde o ano passado estamos investindo em alguns projetos, aos quais, em breve, o associado terá acesso.

RF: Quais serão os pleitos prioritários da ABCFARMA em Brasília nos próximos anos, junto a deputados e senadores?

Tamarozzi: Essas definições não são minhas, mas das assembleias gerais da entidade. A profissionalização da entidade deve, inclusive, respeitar essa característica de praticamente todas as associações sem fins lucrativos. Quando deixamos uma entidade ser direcionada pela opinião pessoal de apenas uma pessoa ou de um pequeno grupo, essa entidade acaba perdendo sua característica principal de representar todos os seus associados. Sabemos as dificuldades de comunicação em razão de vários fatores do cotidiano, mas tentamos ter posições que preservem o interesse da maioria, por isso destaco a importância das assembleias gerais nesse processo. A novidade é que devemos migrar as votações para dentro do ambiente eletrônico.

RF: O comércio farmacêutico tem poucos ou nenhum representante político no Congresso Nacional. De que forma a ABCFARMA consegue se articular e garantir a vitória em alguns pleitos em Brasília?

Tamarozzi: Essa articulação, na prática, é difícil, até por impedimentos legais. Mas não deixamos de monitorar e dar subsídios, dentro de nossas limitações e sem descumprir a lei, para as lideranças do setor de cada estado, com o objetivo de se relacionarem com os políticos da região. Temos também uma assessoria legislativa em Brasília, que acompanha os projetos de lei que interessam ao comércio farmacêutico.

RF: Na sua gestão, como a ABCFARMA pretende se posicionar perante temas polêmicos como tributação, logística reversa de medicamentos, prescrição farmacêutica, entre outros?

Tamarozzi: Como disse anteriormente, respeitaremos as decisões das assembleias gerais da entidade para a definição de posicionamento. Sobre os assuntos especificamente questionados, posso dizer que a tributação é uma pauta que já vem sendo tratada há alguns anos, e o principal trabalho está em participar de pesquisas para se estabelecer a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no formato da Substituição Tributária. Também acompanhamos todos os movimentos de desoneração tributária do setor, incluindo a defesa do retorno dos benefícios para as micro e pequenas empresas. Sobre a logística reversa, demonstramos que o varejo farmacêutico está disposto a participar, mas, claro, dentro da sua responsabilidade de atender ao consumidor ou usuário de medicamentos. Prescrição farmacêutica é um tema polêmico, juridicamente vejo como algo sem sentido prescrever medicamento de venda livre assumindo riscos até então não assumidos, mas, por outro lado, entendo o que isso representa para o profissional farmacêutico. Só não concordo que isso seja por meio de normas do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que não tem competência normativa para obrigar ou resguardar a farmácia ou drogaria, que devem seguir as normas da vigilância sanitária.

RF: Em pleno século XXI, quais são os desafios da farmácia brasileira?

Tamarozzi: Creio que o maior desafio ainda está por vir, principalmente com o avanço do comércio eletrônico e de todas as tecnologias envolvidas nas transações comerciais. Esse é um assunto muito discutido dentro da ABCFARMA. Nesse caso, nossa preocupação com as empresas independentes é muito grande, pois todas as grandes empresas já possuem plataformas de vendas pela internet. Temos algumas propostas e projetos que estão em andamento sobre essa questão, mas queremos o apoio da indústria farmacêutica para trazer equilíbrio ao setor e evitar a continuidade desse movimento de concentração que atualmente percebemos no segmento.

RF: Apesar da crise, o varejo farmacêutico tem tido um bom desempenho. A que o senhor atribui essa performance?

Tamarozzi: Tenho visto que os países emergentes possuem taxas de crescimento maiores do que as dos países com economias mais consolidadas. Vejo também que fatores como envelhecimento da população, aumento do acesso ao atendimento médico, avanços e conquistas do público feminino e a melhoria da renda são constantemente lembrados para justificar esse bom desempenho. Não observo outras lógicas para explicar essa performance, mas, como disse, não sou especialista e lembro que essas avaliações são macroeconômicas. Para cada região, há variáveis a considerar. O varejista deve se atentar e avaliar também as proximidades do seu ponto comercial.

Fonte: Comunicação Ascoferj

 

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