O Globo
Polícia Civil e o setor de inteligência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) investigam o desvio de medicamentos de hospitais públicos e privados para traficantes de drogas do Rio. Informados pelo GLOBO sobre a presença, na enfermaria improvisada que atendia traficantes na Favela de Manguinhos , de remédios como o Fresofol 1% – anestésico usado em cirurgias de curta duração e que só pode ser vendido a hospitais – tanto o chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, como o da Inteligência da Anvisa, delegado federal Adilson Batista Bezerra, afirmaram que houve desvio de medicamentos. A prova veio de uma consulta feita pelo GLOBO a três laboratórios. Eles afirmaram que as encomendas chegaram aos hospitais, mas não souberam dizer como elas poderiam ter sido desviadas.
Jorge Luiz Stuart, gerente nacional de vendas da Fresenius Kabi Brasil Ltda., fabricante do Fresofol, de uso controlado, informou que não houve roubo daquele lote (10BL8282) do medicamento durante o transporte. Todos os sete hospitais particulares do Rio que compraram o anestésico receberam suas encomendas. Ele disse que a aplicação deve ser feita exclusivamente por anestesiologistas. O Fresofol é o mesmo que teria causado a morte de Michael Jackson.
O delegado Allan Turnowski disse que a posse desses medicamentos por traficantes é a prova de que houve desvio de algum hospital. Ele afirmou que já há médicos e enfermeiros identificados como suspeitos de prestarem assistência a criminosos em favelas e clínicas particulares. As investigações, que estão começando, ficarão a cargo da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Saúde Pública. O objetivo é saber a procedência dos medicamentos apreendidos e provar o envolvimento de profissionais de saúde no tratamento de bandidos feridos e no desvio de remédios das redes pública e privada.