Valor Econômico
Depois de adquirir os 44% restantes de participação da Genentech em 2009, assumindo 100% do controle da empresa, numa transação que consumiu cerca de US$ 47 bilhões, o grupo suíço Roche pretende manter o movimento de concentração, mas em ritmo bem mais moderado, focado em pequenos e médios laboratórios, afirmou o principal executivo da companhia europeia, Severin Schwan. Com expertise em medicamentos biotecnológicos, os executivos da Roche, que apresentaram ontem os resultados financeiros da companhia de 2009, dizem confiar nesse diferencial da empresa para manter o bom desempenho da companhia nos próximos anos e se distanciar dos concorrentes.
"Foi um ano de êxito, apesar da crise", afirmou Schwan. Sem falsa modéstia, o executivo explicou aos jornalistas presentes na conferência anual do grupo que as vendas de produtos voltados para o combate ao câncer, sobretudo o Avastin, e o antiviral Tamiflu, medicamento que ajudou a controlar a gripe suína, o H1N1, foram as grandes estrelas do ano passado.
Ao Valor, Schwan afirmou que os países emergentes, incluindo o Brasil, têm registrado um crescimento significativo, comparados a mercados mais maduros, e já respondem por um quarto dos negócios da Roche no mundo. "Temos investimentos importantes em ensaios clínicos (em países emergentes)", afirmou o executivo. Se o Brasil é importante, então porque vender a fábrica da Roche instalada no Rio de Janeiro, perguntou o Valor.
"Temos que olhar vários fatores globais", respondeu Schwan. "Investimento em inovação é muito mais importante do que produzir medicamentos. Produzir é simples", completou o executivo.
A Roche anunciou em agosto do ano passado que pretende vender sua fábrica no Rio de Janeiro, que recebeu investimentos de cerca de US$ 70 milhões para sua modernização. O futuro comprador deverá produzir medicamentos para o grupo.
Os resultados globais da empresa foram considerados altamente satisfatórios, afirmou o executivo. O faturamento do grupo Roche ficou em 49,1 bilhões de francos suíços (US$ 52 bilhões), um crescimento de 8% sobre o ano anterior. A divisão farmacêutica registrou receita de 39 bilhões de francos suíços, alta de 8%, e de diagnósticos, 10,1 bilhões de francos suíços, com elevação de 4% sempre em relação a 2008. Os dados do Brasil serão divulgados em março.
A área de oncologia, considerada o carro-chefe dos negócios da Roche, representou 53% das receitas da companhia. A de virologia, que teve um crescimento de 79% por conta da forte demanda pelo Tamiflu, responde por 15% das receitas.
Schwan acredita que em 2010 a demanda pelo antigripal não deverá ser tão grande como no ano passado, uma vez que a pandemia está aparentemente controlada e os estoques governamentais estão repostos.
O lucro líquido da empresa ficou em 8,5 bilhões francos suíços, um recuo de 2,3% sobre 2008. A distribuição de dividendos aos acionistas recuou percentualmente 1,2%. A empresa acredita que deverá reduzir em 2010 em 25% seu endividamento acumulado por conta da aquisição de Genentech. Até 2015, a empresa pretende diluir todo esse forte investimento realizado.
Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) do grupo ficaram em 9,874 bilhões de francos suíços, um aumento de 12% sobre o ano anterior. Para 2010, o grupo deverá manter os