Jornal da Tarde
Liberado pela Anvisa, primeiro produto de marca à base de creatina está no mercado
O primeiro medicamento de marca à base de creatina liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou ao mercado esta semana, reativando uma antiga polêmica. Isso porque, além de liberar sua venda nas farmácias, a Anvisa estuda autorizar a comercialização da substância na categoria de suplemento para atletas – levando vários especialistas a alertar sobre os riscos do consumo indiscriminado. A creatina é conhecida pela capacidade de aumentar a massa muscular em poucos dias e fornecer mais força por curtas durações de tempo.
O composto, feito com substância natural presente na carne, funciona como transportador de energia para o corpo, mas não deve ser usado por pessoas saudáveis que não pratiquem esportes de alto rendimento, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva. No entanto, o mercado negro e prescrições indevidas têm facilitado o consumo indiscriminado, principalmente por frequentadores de academia.
Segundo a Anvisa, ainda não há estudos definitivos sobre os benefícios e especialistas apontam risco para pessoas com histórico de doença renal na família.
A creatina era vetada no Brasil até que, há um ano, a Agência liberou o uso da substância como medicamento. Até agora, estava disponível apenas em farmácias de manipulação. Mas, nesta semana, a droga de marca entrou no mercado depois de longo processo para a obtenção de preço, o que permitirá expansão do uso.
Em breve, a Anvisa deve decidir se permite que suplementos para atletas tenham a substância, o que permitirá a venda do produto em qualquer estabelecimento com alvará sanitário, sem a exigência da receita. A única exigência seria a exibição de alertas no rótulo de que só devem ser consumidos por atletas.
A tendência da Anvisa é autorizar o uso da creatina como suplemento para atletas. A ideia consta de sua própria proposta na consulta pública sobre o tema apresentada em 2008 e encerrada no fim do ano passado. O órgão não quis comentar o assunto ontem.
Segundo Jomar Souza, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva, consenso da entidade apontou que a substância pode trazer benefícios a vegetarianos, pessoas com perda muscular pela idade ou doenças e em esportes que exigem potência e explosão, como corrida de 100 metros rasos e halterofilismo. ?Os maiores riscos do uso indiscriminado são os problemas hepáticos e renais causados pela sobrecarga da substância?, afirmou. "Mas é melhor a expansão do uso no mercado legal porque ela vinha sendo usada clandestinamente e, muitas vezes, com anabolizantes, que podem ser ainda piores para a saúde", afirmou Souza. "O veto nesses anos levou à expansão do mercado ilegal", opina a nutricionista Lisia Kiehl, do curso de nutrição esportiva da Rede Desportiva de Ensino.
A fabricante do produto defende a segurança da creatina. "Nenhum estudo comprovou que a substância é prejudicial. O único efeito colateral é o ganho de peso", diz o especialista em fisiologia humana Érico Caperuto, indicado pela indústria para falar.
O médico ortopedista Paulo Muzy, especializado em fisiologia do exercício, defende uso até mais amplo. "Os suplementos podem dar mais