O Estado de S.Paulo
Quarenta caixas do medicamento oncológico Herceptin, da Roche, foram furtadas do almoxarifado do Ministério da Saúde. O crime, ocorrido no primeiro fim de semana de dezembro, causou prejuízo de R$ 240 mil aos cofres públicos. Há indícios de que ele tenha sido cometido por pessoas familiarizadas com o sistema de armazenamento do ministério. Não houve arrombamento, a droga escolhida para o furto é bastante cobiçada e tem de ser mantida refrigerada. O ministério afirma que é a primeira vez que um furto ocorre no almoxarifado.
Cada frasco do Herceptin custa R$ 6 mil. O remédio, indicado para estágios avançados de câncer de mama, está fora da lista de distribuição gratuita do Sistema Único da Saúde (SUS). As caixas foram adquiridas para serem distribuídas a pacientes que ganharam na Justiça o direito de receber o remédio gratuitamente pelo SUS. No dia do furto, havia 50 frascos, mas os ladrões levaram 40. As caixas que ficaram nas prateleiras são de dois lotes distintos.
O furto foi notado dia 7, quando funcionários fizeram a contagem de rotina dos medicamentos armazenados no prédio. Como a checagem anterior havia sido feita no dia 4, a suspeita é de que o crime tenha sido cometido no fim de semana.
O ministério, no entanto, avisou a Polícia Federal sobre o furto somente um dia depois da constatação do sumiço das caixas. Questionada, a pasta não esclareceu as razões da demora na notificação.
A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o crime. O prazo para conclusão das investigações é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
Dentro dos próximos dias, pessoas com acesso ao almoxarifado – funcionários de uma empresa de segurança terceirizada, servidores e consultores – deverão ser interrogadas.
Depois da constatação do furto, uma sindicância foi aberta no ministério para apurar as responsabilidades. A pasta não informou, no entanto, se houve mudanças no sistema de segurança ou se há possibilidade de rescisão do contrato com a empresa responsável por vigiar o prédio.
Por meio da assessoria de imprensa, o ministério informou que no prédio do almoxarifado há um sistema de segurança e que todo material de investigação já foi entregue à polícia.
A sala de onde as caixas foram furtadas é reservada para medicamentos que são alvo de ações judiciais. Refrigerada, ela fica permanentemente trancada. Os frascos levados pelos ladrões haviam sido devolvidos porque não seriam mais usados pelos pacientes. Isso acontece nos casos de falecimento ou mudança de tratamento.