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Conheça as vacinas indispensáveis entre 20 e 59 anos de idade

O mais recente surto de febre amarela no País – 464 casos confirmados e 154 óbitos no período de 1º julho de 2017 a 16 de fevereiro deste ano – levou milhares de brasileiros para as filas dos postos de saúde. O medo de pegar a doença fez muita gente buscar a vacina na rede pública, tanto que o Ministério da Saúde teve de se reorganizar para atender parte da demanda.

No entanto, muitas pessoas nas filas não faziam a menor ideia se já haviam sido vacinadas e se a vacina ainda estava em dia. Isso porque, em geral, os adultos negligenciam a imunização, deixando de dar a devida importância a ela.

Para o infectologista e diretor do Serviço de Infectologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), João Silva de Mendonça, o conceito da vacinação em adultos precisa ser difundido intensamente. “Vacina não é uma ação exclusiva da pediatria. Adolescentes, adultos jovens e mesmo os idosos precisam receber vacinas. Algumas são exclusivas de determinadas faixas etárias. Outras dão sequência à vacinação iniciada na infância e exigem reforços por toda a vida. Um exemplo é a vacina contra o tétano. Mesmo que a criança tenha sido vacinada quando pequena, deve repetir a aplicação a cada dez anos. Nesse sentido, há um descuido muito grande na população adulta em geral e no idoso em particular, que, normalmente, nunca tomou essa vacina”, comenta o especialista em entrevista com o médico Dráuzio Varella, que já tratou do tema em sua coluna, no Portal UOL.

De acordo com o Calendário de Vacinação de 2018, elaborado pelo Ministério da Saúde, os adultos entre os 20 e 59 anos devem se vacinar contra hepatite b, febre amarela, tríplice viral e dupla adulto, indicada como reforço para tétano e difteria, mas muita gente não presta atenção ou considera as vacinas realmente importantes apenas em crianças e idosos.

Segundo o epidemiologista e presidente do Vital Brasil, Edimilson Migowski, a vacinação em adultos é uma necessidade frequentemente negligenciada. “Cerca de 90% dos casos de tétano, no Brasil, ocorrem em adultos que não mantêm a vacina em dia. As crianças e os idosos estão tomando corretamente, mas pessoas entre 20 e 59 anos não estão sendo contempladas da forma como deveriam”, alerta o especialista.

Pelo menos a cada dez anos, um adulto saudável deveria se vacinar contra tétano e difteria. “Adultos com alguma doença de base, como HIV, doença pulmonar crônica ou diabetes, acabam tendo necessidades mais particulares, que deverão ser analisadas por um clínico”, acrescenta Migowski.

No Sistema Único de Saúde (SUS), o adulto encontra basicamente as vacinas contra gripe, tétano e difteria. “Eventualmente, pode ter acesso a outras vacinas, desde que esse adulto se encaixe em condições de alto risco, por exemplo, paciente com doença pulmonar crônica”, explica o epidemiologista.

Calendário da SBIm

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) divulgou o Calendário de Vacinação 2018/2019 para pessoas entre 20 e 59 anos, muito mais completo que o calendário do Ministério da Saúde. Explica-se: muitas vacinas sugeridas pela SBIm são encontradas apenas na rede privada. Ao todo, seriam 13, das quais apenas 5 estão disponíveis na rede pública.

O Ministério da Saúde recomenda que um adulto tome, pelo menos, as seguintes vacinas: hepatite b, febre amarela, tríplice viral e dupla adulto. Já a SBIm acrescenta à lista hepatite A, HPV, tríplice bacteriana, varicela (catapora), influenza (gripe), meningogócica conjugada ACWY, meningogócica B, pneumocócica, herpes zóster e dengue.

A vacina contra HPV tem recomendação para três doses. Duas vacinas estão disponíveis no Brasil: HPV4, licenciada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos e meninos e homens de 9 a 26 anos; e HPV2, para meninas e mulheres a partir dos 9 anos de idade.

Em relação à vacina contra febre amarela, segundo a SBIm, não há consenso sobre a duração da proteção conferida pela vacina. De acordo com o risco epidemiológico, uma segunda dose pode ser considerada.

Vacinação em farmácias

O serviço de vacinação em farmácias e drogarias passou a ser permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2017, com a publicação da Resolução 197, que não cita diretamente as farmácias e drogarias, mas, considerando que a Lei Federal 13021/2014 já as declarou estabelecimentos de saúde, subentende-se que o setor esteja incluído no rol dos locais com autorização para vacinar.

No Rio de Janeiro, assim como em todo o Brasil, principalmente em locais onde o SUS falha na oferta de vacinas essenciais, a vacinação para adultos é um nicho a ser explorado pelo setor, mas ainda depende de normatização da Vigilância Sanitária.

A Ascoferj tem participado de uma série de reuniões na Subsecretaria de Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro em busca de soluções que agilizem os serviços de vacinação nos estabelecimentos farmacêuticos.

De acordo com a farmacêutica e responsável pelo Departamento de Assuntos Regulatórios da Ascoferj, Betânia Alhan, por mais que haja uma resolução da Anvisa, a Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro e as de alguns outros municípios ainda não normatizaram o assunto. Por isso, a orientação é procurar a Visa local e pedir o licenciamento, além disso, com a ajuda de um contador, incluir o serviço na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) da empresa.

Betânia acredita que farmácias e drogarias do interior terão mais facilidade para conseguir a licença da Vigilância, pois o acesso a clínicas privadas de vacinação é praticamente inexistente. Qualquer cidade tem uma farmácia, enquanto as clínicas privadas de vacinação concentram-se, prioritariamente, nas capitais.

 

Calendário de vacinação 2018 para adultos do Ministério da Saúde

 

Hepatite B

Febre Amarela

Tríplice Viral

Dupla Adulto

 

3 doses (verificar a situação vacinal)

Dose única (não vacinado ou sem comprovante de vacinação)

2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos)

Reforço a cada 10 anos

Fonte: Ministério da Saúde

Por Viviane Massi

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