Agência Estado
Segundo levantamento feito pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), 68% de 2.789 estabelecimentos farmacêuticos venderam antibióticos sem receita médica, de junho a setembro do ano passado. É comum as pessoas recorrerem à automedicação, que pode terminar em problemas sérios. No caso de antibióticos, por exemplo, o medicamento pode acabar com a flora intestinal, formada por bactérias que ajudam no bom funcionamento do aparelho digestivo. O uso incorreto de antibióticos também é apontado como controverso.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de metade das prescrições – feitas por médicos – é incorreta. Para acabar com isso, combater a automedicação e a venda sem receita nas farmácias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária quer controlar a venda desses medicamentos, da forma como é feito com remédios de tarja preta. Hoje, reunião com entidades de classe vai debater o tema.
O presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Eitan Berezin, explica que “antibiótico é aliado”, mas reforça a necessidade de orientação médica. “Se não for usado numa criança com pneumonia, ela vai morrer. Mas, se a qualquer tosse, for usado, pode causar problemas.” E o mais grave é o aumento da resistência das bactérias.
O uso indiscriminado pode tornar algumas bactérias resistentes ao medicamento. Quando elas atacarem um organismo, o antibiótico não fará o efeito desejado. “As bactérias resistentes são selecionadas e elas passam a predominar” diz o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Juvencio Furtado. Num ambiente hospitalar, a existência de bactérias resistentes a antibióticos é mais grave pela presença de doentes – que estão com sistema imunológico debilitado. “Fica muito difícil tratar esses casos”, afirma Furtado.