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Tenho visitado dezenas de empresas localizadas em uma região impactada por uma obra viária para oferecer consultoria. São vias interditadas, mudanças de direção, dificuldades do acesso para clientes e transtornos para carga e descarga. Tudo isso gera impacto negativo no movimento com a queda média de 30 a 40% do faturamento das empresas, segundo os empresários da região afetada.

Durante as visitas, foi comum não encontrar os proprietários, não por terem dado uma “saidinha”, mas, segundo informaram os empregados, em alguns casos até com uma certa ironia, os respectivos empresários não ficam nas empresas. Quando muito, costumam apenas dar uma rápida passada, sem dia e hora previstos. Em algumas empresas, observei o cúmulo de os empregados desconhecerem, inclusive, o nome do proprietário, ou seja, o empresário de uma pequena empresa não mantém nenhum contato com seus colaboradores. Por onde andará o fundamento da liderança empresarial?

Em algumas empresas, ao entrevistar empresários e, em alguns casos, excepcionalmente, gerentes e empregados, percebemos total ausência dos fundamentos de gestão. As empresas não têm processos mapeados e desenhados, não têm procedimentos organizados, possuem registros financeiros precários, não possuem indicadores de desempenho que possibilitem análise para a tomada de decisão, não promovem capacitação para a equipe nem para os próprios empresários, entre outras fragilidades observadas.

Curiosamente, na região em questão, existem alguns estabelecimentos de comércio farmacêutico. E em nenhum deles foi possível encontrar o empresário, nem sequer ter uma posição de quando seria possível encontrá-lo, tamanha a incerteza da sua permanência e efetiva atuação na empresa. Porém, ao questionar os empregados sobre o movimento e o impacto das obras, todos relatam dificuldades com queda acentuada nas vendas, sem que sejam realizadas análises e ações para superar as dificuldades durante o período em questão.

Situação curiosa essa em que os empresários simplesmente largam as empresas, praticando não a delegação, mas simplesmente “delargando” as empresas sem estruturas de gestão que possam efetivamente garantir uma correta e profícua delegação. Vale ressaltar que esse tipo de ausência do empresário ocorre não somente em regiões como essa afetada por obras, mas em outras situações também.

Assim, apesar da crise e de outras variáveis que impactam o desempenho dos negócios, como obras e insegurança, em especial no Rio de Janeiro, parece que o comportamento de muitos empresários ainda é o de distanciamento das próprias empresas.

Por Marcos Assumpção (Consultor em Varejo do Sebrae-RJ)

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