Valor Econômico
Chega hoje ao Brasil o presidente mundial da farmacêutica inglesa GlaxoSmithKline (GSK), Andrew Witty, para um giro de dois dias. Essa é a primeira visita do executivo ao país desde que assumiu em maio de 2008 à presidência da Glaxo.
Witty fará visitas a empresários, autoridades públicas e políticos, como o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Sua chegada ocorre depois de o laboratório farmacêutico ter assinado um dos mais cobiçados e disputados contratos públicos de saúde dos últimos anos, o acordo para o fornecimento da vacina pneumocócica conjugada ao governo federal.
A Glaxo firmou em agosto acordo de € 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 4 bilhões) com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para o fornecimento da vacina Synflorix por 10 anos. O acordo envolve também a transferência de tecnologia e a formação de um centro compartilhado de pesquisas e desenvolvimento de doenças negligenciadas, como dengue, malária e febre amarela. O acordo bilionário permitirá a inclusão da vacina que protege contra meningite bacteriana e pneumonia no programa nacional de imunização em 2010.
Há dez dias, uma missão empresarial liderada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, esteve em Londres para anunciar maiores detalhes do acordo, como o centro de pesquisas. O ex-conselheiro da Glaxo, o brasileiro Jorge Raimundo, participou da missão, representando a Interfarma, a entidade que reúne os laboratórios multinacionais no país. A Glaxo começou nesta semana a oferecer a Synflorix nas clínicas privadas ao valor de R$ 130.
A disputa pelo contrato de vacinas envolveu uma disputa nos bastidores entre a Glaxo e a americana Wyeth. Preterida na disputa, a Wyeth, que chegou a negociar com o governo a inclusão de sua vacina Prevenar no programa, reagiu contra a decisão e obteve na Justiça uma liminar, pedindo para que o governo federal exibisse os detalhes do contrato firmado com a Glaxo.
Apesar de a Glaxo ser o segundo maior laboratório do mundo em vendas, perdendo apenas para a americana Pfizer (que adquiriu a Wyeth no início do ano e deverá completar a incorporação da empresa nas próximas semanas), a subsidiária brasileira possui uma participação relativamente pequena no país em receita se comparado à sua posição global.
Desde que assumiu o comando da Glaxo, a intenção de Witty, de 44 anos, tem sido aumentar a importância dos mercados emergentes nas receitas da companhia. Ele já fez algumas aquisições pontuais para elevar sua posição em países como a África do Sul e destacou um executivo para focar sua atuação exclusivamente nos mercados emergentes. O contrato bilionário com o governo brasileiro parece justificar seu empenho.