A crise dos caminhoneiros começa a afetar a distribuição de medicamentos no Estado do Rio de Janeiro e no restante do País. Ainda não há notícias de desabastecimento, mas três distribuidoras já informaram que estão tendo dificuldades para chegar ao interior, principalmente às regiões Norte e Noroeste do Estado.
De acordo com o diretor da Emefarma Rio, Jony Souza, as entregas na capital e Baixada Fluminense estão normais, ao contrário do fluxo para o interior do Estado.
“Nosso desafio tem sido acessar regiões como Norte e Noroeste, porque usamos rodovias federais. Realmente, está havendo bloqueio por parte de caminheiros. As transportadoras estão se esforçando para atender por vias alternativas, mas o roubo de cargas é crescente e preocupa. Elas estão tentando, fracionando carga e usando caminhos alternativos, mas eventualmente isso pode causar desabastecimento sim”, alertou o diretor da Emefarma.
A Rede Damas, de Itaperuna, confirmou que as entregas não estão sendo feitas. “Ontem e hoje, a minha rede não recebeu produtos. Nossa grande preocupação são os medicamentos contínuos. Se as entregas não forem normalizadas nos próximos dias, começaremos a nos preocupar com desabastecimento”, comentou o empresário Klebio Damas.
Bloqueios impedem o tráfego e atrasam entregas
A distribuidora Rio Drog’s passa pela mesma situação. De acordo com o diretor Bruno Freire, o acesso às regiões Norte, Noroeste, Sul Fluminense e Costa Verde está bastante comprometido. A transportadora está se esforçando em realizar as entregas, mas os bloqueios estão impedindo o tráfego. “A utilização de vias alternativas estão sendo um paliativo, mas isso implica atraso nas entregas. Infelizmente, se houver continuidade nos bloqueios, poderá resultar em desabastecimento de nossos clientes”, alertou também Bruno Feire, diretor da empresa.
Na Prosper Distribuidora, o problema está na reposição dos suprimentos. “Na venda para as farmácias, ainda não identificamos nenhuma dificuldade, porque ainda temos estoque suficiente, mas no recebimento dos produtos fornecidos pela indústria farmacêutica, sim, pois ela já está com atraso na entrega devido à greve dos caminheiros, principalmente entre o eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Vamos ver como essa situação vai se comportar nos próximos dias”, disse Pablo Medina, diretor da empresa.
Na tarde de hoje, a Rede Cityfarma recebeu a informação de que algumas lojas do município de Cordeiro não receberam nenhuma entrega e que os entregadores de duas distribuidoras disseram que, provavelmente, amanhã (24/05) também não haverá, pois os veículos estão sem combustível, devido à falta do produto nos postos de abastecimento.
Região Sul Fluminense também pode ficar sem produtos farmacêuticos
O presidente da rede, José Corrêa da Motta, conversou mais cedo com uma distribuidora nacional sobre o assunto. Segundo Motta, até ontem, esse distribuidor estava conseguindo fazer normalmente as entregas. Mas hoje não conseguiu enviar carga para as regiões Norte e Noroeste Fluminense, onde estão cidades como Campos, Itaperuna e Itaocara, tudo por falta de caminhão. Os estados de Minas Gerais e Bahia também não estão mais recebendo produtos dessa distribuidora.
“Os caminhões que foram ontem para Campos não conseguiram voltar para o Rio de Janeiro. Foram parados em um bloqueio perto de Itaboraí. Até Macaé, os produtos foram em carros menores, como fiorinos. Já na região Sul Fluminense, em cidades como Barra Manda e Volta Redonda, a entrega hoje ainda foi normal”, contou Motta.
No entanto, a Distribuidora Prosper recebeu informações agora à tarde de que as entregas de amanhã previstas para a região Sul Fluminense podem não acontecer, pois os veículos das transportadoras não conseguiram chegar ao Centro de Distribuição da empresa para coletar os produtos.
Nesta sexta (25/05), a Drogaria Retiro, de Volta Redonda, informou que, desde o início da greve, foi o primeiro dia em que não houve nenhuma entrega de nenhuma distribuidora. “Também estamos com dificuldades para levar produtos do nosso Centro de Distribuição para lojas mais distantes. Somente Volta Redonda e Barra Mansa foram abastecidas. Tivemos que pegar uma estrada alternativa para fazer isso”, disse Adriano Santos, da Drogaria Retiro.
Na Região dos Lagos, a situação é menos crítica. Entretanto, a Rede de Drogarias Unilagos já recebeu comunicado de algumas distribuidoras, informando a mudança no prazo de entrega de 24 para 48 horas. “A gente se preocupa porque alguns medicamentos precisam de reposição diária. Um dia de atraso pode, sim, provocar ruptura no ponto de venda, principalmente em farmácias de pequeno porte, que trabalham com estoques reduzidos”, falou Roxon Figueiredo, diretor presidente da rede.
A Drogaria Nacional, que fica em Nova Friburgo, região Serrana, já começou a perceber um pouco de atraso nas entregas. “Estamos pensando em racionar as mercadorias que estão em promoção como uma medida preventiva, mas, por enquanto, ainda não houve atraso”, disse Haroldo Pereira, proprietário.
Por Viviane Massi (Ascoferj)
Foto: Rodolfo Buhrer/Reuters