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Mais de um quarto das empresas de biotecnologia localizadas no Brasil, China, Cuba, Egito, Índia e África do Sul, estabeleceram vínculos com as de outros países em desenvolvimento para produzir medicamentos mais baratos, segundo uma pesquisa publicada nesta segunda-feira na revista Nature Biotechnology.
No Brasil, essas empresas participam de 60 acordos deste tipo, segundo o estudo, destacando que os países em desenvolvimento colaboram cada vez mais para produzir vacinas, medicamentos e kits de diagnóstico a bons preços destinados a populações pobres.
Pesquisadores de cinco países em desenvolvimento, assim como o grupo canadense sem fins lucrativos McLaughlin-Rotman Centre for Global Health, ouviram mais de 300 especialistas de 13 países qualificados do sul. Os resultados revelam a colaboração "sul-sul" em matéria de biotecnologia médica.
A tendência começa a ter importância crescente, comparada com as associações tradicionais norte-sul, segundo os autores da pesquisa.
"A principal conclusão do estudo é que essas empresas nos países em desenvolvimento tornam-se cada vez menos dependentes da cooperação com sociedades de biotecnologia do mundo industrializado", indicou a responsável pelo projeto de pesquisa, Halla Thorsteinsdóttir, da McLaughlin-Rotman Centre.
"Este tipo de colaboração entre empresas de biotecnologia de países em desenvolvimento pode potencialmente responder às necessidades de saúde dos menos favorecidos", disse à AFP.
Durante a epidemia de meningite que afetou a África em 2007, empresas de biotecnologia brasileiras e cubanas uniram forças para produzir vacinas a preços mais baratos para os países afetados e evitar uma maior propagação da doença.
Em outro exemplo, laboratórios da Índia e de Bangladesh trabalham juntos com o objetivo de desenvolver uma vacina para combater os surtos periódicos de cólera.