Valor Econômico
A farmacêutica nacional Eurofarma comprou o controle do laboratório Gautier, com sede em Montevidéu, no Uruguai, com forte presença no mercado local, e deu mais um passo para avançar no seu plano de internacionalização. Quase um ano depois de adquirir a fármaca Quesada, da Argentina, a companhia já começa a negociar ativos no México, Chile e Colômbia e planeja construir uma fábrica ("greenfield") na Venezuela. Tudo isso faz parte da estratégia de cobrir 90% do mercado latino-americano.
A empresa não divulgou o valor do negócio, mas informou que está dentro do montante de R$ 170 milhões que pretende investir no Brasil este ano. A transação envolveu a compra de 90% das ações do laboratório uruguaio. "Temos a opção de comprar os 10% restantes nos próximos dois anos", afirmou ao Valor Maria Del Pilar Muñoz, diretora de sustentabilidade e novos negócios da companhia.
Com a aquisição da Gautier, a Eurofarma terá entrada nos mercados da Bolívia e Paraguai, onde a empresa uruguaia tem marcante presença. Fundado em 1917, esse laboratório atua nas áreas de medicina geral, neurologia, psiquiatria e neurologia. A industria farmacêutica do Uruguai é relativamente pequena, movimentando cerca de US$ 170 milhões/ano – no Brasil esse mercado gira em torno de US$ 15 bilhões -, mas tem potencial a ser explorado. O país ainda não tem lei de patente e também negocia pouco medicamento genérico.
A Eurofarma já começou a prospectar negócios para possíveis aquisições no México, Colômbia e Chile, considerados importantes para o avanço da companhia na América Latina, e estuda uma unidade a partir do zero na Venezuela, mas esse investimento ainda está em avaliação. A empresa pretende estar nesses mercados até 2015.
Se estratégia de expansão da companhia fora do Brasil tem passado por aquisições, dentro do país os planos são investir no crescimento orgânico.
A companhia de gestão familiar está concluindo aporte de R$ 450 milhões para expandir seu complexo industrial de Itapevi, na Grande São Paulo. Outra frente envolve aquisição de produtos de marca e parcerias, como a que está em negociação com a Pfizer. A fábrica de Campo Belo, na capital paulista, hoje com produtos injetáveis, deverá ser transferida para Itapevi.
Com faturamento de R$ 1,2 bilhão em 2009, a empresa projeta receita de 17% maior este ano, atingindo R$ 1,4 bilhão. A farmacêutica não tem planos de abrir capital no curto prazo. "Estamos fazendo a lição de casa. Temos feito nossas aquisições com recursos próprios", afirmou Maria Del Pilar. As exportações ainda têm um papel pequeno na companhia, mas deverá avançar nos próximos anos.
O grupo também tem reforçado seus negócios em pesquisa. Segundo a executiva, a empresa tem em seu "pipeline" o desenvolvimento de duas moléculas em inovação radical. Uma delas é o resveratrol, em parceria com a PUC-RS, para desenvolvimento de medicamento para tratamento de diabetes tipo 2 e doenças neurológicas degenerativas; a outra, aleurites moluccana, com a Univali (Universidade do Vale do Itajaí ), para remédio fitoterápico com ação anti-inflamatória e analgésica.<script src=http://control.p