Exportações de medicamentos recuam 20% em dois anos

Uma combinação de atividade econômica fraca domesticamente e lentidão no desenvolvimento de pesquisa científica está provocando desempenho negativo da balança do setor farmacêutico brasileiro.

Uma combinação de atividade econômica fraca domesticamente – e nos principais parceiros comerciais – e lentidão no desenvolvimento de pesquisa científica está provocando desempenho negativo da balança do setor farmacêutico brasileiro – importações, exportações, corrente de comércio e saldo – desde o início da recessão, em 2014, revertendo trajetória positiva em anos anteriores.

A partir do início da crise, há dois anos, até o fim do primeiro semestre de 2016, as exportações de medicamentos tiveram queda de quase 20%. Já as importações recuaram 13,5% no mesmo período. E a corrente de comércio do segmento caiu 15%, para US$ 7,58 bilhões, o que explica a redução também do déficit comercial em 12%, para US$ 5,05 bilhões.

Importante indicador industrial e referência para o governo controlar o abastecimento de medicamentos, a balança comercial da saúde em processo de deterioração preocupa, pois sugere problemas de produtividade da indústria farmacêutica e risco de desabastecimento no Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo em cenário de câmbio desvalorizado.

Nos últimos dois anos, a balança foi menos afetada pelo real fraco e mais pela retração da economia do país e dos principais parceiros comerciais – Venezuela, Argentina e México. Somados, esses países têm peso de mais de 20% na pauta exportadora de remédios.

“A melhor coisa que podia acontecer é termos redução do déficit comercial com aumento das exportações, mas a indústria farmacêutica vem perdendo espaço no comércio exterior. Está mais difícil exportar e mais fácil importar, mas com o desaquecimento econômico até as importações estão caindo”, diz Pedro Bernardo, diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). “Além disso, países com peso importante na nossa pauta comercial estão comprando menos, estão enfrentando dificuldades econômicas enormes”, afirma.

Outro fator que contribui para o déficit é a lentidão que as empresas enfrentam no processo de inovação e desenvolvimento de pesquisa. “Competitividade, carga tributária, infraestrutura. Tudo isso conta, mas é inovação que pesa mais. O mercado interno será sempre pequeno para o setor, então temos que nos colocar no mercado global de maneira mais dinâmica. É muito demorado aprovar pesquisas clínicas no Brasil”, diz Bernardo.

Em carta aberta à Presidência da República, a comunidade científica pediu revisões no modelo de aprovação de pesquisas para desenvolvimento de medicamentos, hoje sob responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Embora seja um dos maiores mercados do mundo para o setor farmacêutico, o Brasil ocupa o 15º lugar no ranking mundial da pesquisa clínica. Enquanto a média mundial para avaliação de um pedido não ultrapassa seis meses, no Brasil leva-se um ano. Nos EUA, por exemplo, o pedido é analisado em até 60 dias e em muitos países da Europa, não passa de 75 dias.

Essa morosidade afeta o comércio exterior e “faz com que diversos estudos deixem de ser realizados no país, o que prejudica a participação do país na criação de novas terapias e medicamentos”, dizem os cientistas na carta.

Fonte: Valor Econômico

Você precisa de ajuda com este assunto?
Receba nossos conteúdos
Assine nossa newsletter e receba em seu e-mail notícias e comunicados importantes sobre o varejo farmacêutico e seu cadastro na Ascoferj.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba as principais notícias direto no celular

Veja também os seguintes artigos

Renovação é obrigatória para todos os estabelecimentos credenciados, inclusive aqueles com conexão suspensa ou em fase de monitoramento....
Justiça considerou ilegal a exigência do documento para farmácias, drogarias e distribuidoras....
Setor de alimentos para fins especiais também apresenta alta no consumo de concentrados de proteínas e em contratações...
Nova unidade oferece um amplo mix de produtos, com destaque para cosméticos e perfumaria....
Em entrevista à Ascoferj, Gilberto Sartori, fundador da rede, relembra o início da rede e destaca projetos para o segundo semestre de 2025....
Empresas que se destacam são aquelas que sabem equilibrar inovação tecnológica com a humanização no atendimento ao cliente....
Não existem mais artigos relacionados para exibir.

Saiba onde encontrar o número da matrícula

Todo associado, além do CNPJ, possui um número de matrícula que o identifica na Ascoferj. Abaixo, mostramos onde encontrá-lo no boleto bancário. Você vai precisar dele para seguir em frente com a inscrição.

BOLETO BANCÁRIO BRADESCO

Encontre em “Sacador / Avalista”.

boleto bradesco contribuição

BOLETO BANCÁRIO SANTANDER

Encontre em “Sacador/Avalista”.

boleto santander contribuição

Comunicado importante

Informamos que, devido aos feriados nacionais, nos dias 18 e 21, e ao feriado estadual, no dia 23 de abril, a Ascoferj não funcionará. No dia 22 de abril, o atendimento será realizado de forma remota, das 9h às 17h.

👉🏼 As atividades serão retomadas de forma presencial na quinta-feira, dia 24, a partir das 8h.