DCI
Brasil exporta mais medicamentos com crise, e a quebra de patentes americanas pode elevar números e diminuir a diferença na balança comercial
Após as ameaças do governo brasileiro em quebrar patentes de medicamentos dos Estados Unidos como forma de retaliação ao algodão, autorizado peia OMC (Organização Mundial de Comércio), o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (Mdic) apresentou números que indicam um crescimento de 13,1% nas exportações do setor farmacêutico ante a alta de 1,9% nas importações na comparação entre os primeiros oito meses de 2009 e o mesmo período de2008.
Segundo o Mdic as exportações entre janeiro e agosto deste ano atingiram US$ 540,6 milhões enquanto no mesmo espaço de tempo em 2008 o valor obtido foi de US$477,9 milhões.
Em contrapartida as importações brasileiras de medicamentos no período analisado passaram de US$ 2.648 bilhões para US$2.698 bilhões.
Na comparação com o crescimento entre 2007 e 2008 (52%) o valor atual foi menor, mas para o diretor de Novos Negócios da Blausiegel, Roque Ocantos "as indústrias farmacêuticas, por venderem produtos de primeira necessidade, sentiram menos o impacto econômico da crise e confiam em uma perspectiva de crescimento para 2009. Além disso, nossa balança comercial está desfavorável para o Brasil por diversos motivos, mas o principal é que compramos muitos medicamentos de alto valor agregado e vendemos pouca quantidade e com baixo valor agregado".
Com foco nessa projeção de melhora no cenário, a empresa tem intensificado suas negociações com países da Ásia e do Oriente Médio, para elevar o leque de negociações, que tinha como destaques em vendas a Colômbia, Vietnã e Peru.
"Nossa empresa apresentou crescimento de 25% em 2008, até agora nossos números são de alta em 20%. Isso quer dizer que no ano passado faturamos US$ 4,2 milhões e neste ano já temos US$ 4,5 com expectativa de fecharmos 2009 com US$ 5 rnilhões", argumentou o diretor.
De acordo com Ocantos, atualmente, as vendas para o exterior representam cerca de 5% do faturamento da Blausiegel.
Questionado com exclusividade para o DCI, o diretor da empresa de medicamentos afirmou que se o governo brasileiro realmente quebrar as patentes americanas, o setor será amplamente beneficiado, tanto internamente quanto na área de comércio exterior.
"Nosso país coloca inúmeras barreiras burocráticas para que os laboratórios e indústrias consigam patentes de medicamentos, por isso estamos tão atrás dos Estados Unidos, Europa e Japão, e dificilmente iremos reverter esse quadro", frisou.
Ocantos diz que a participação em feiras consegue elevar o potencial exportador com negociações para concessão de registros. A Blausiegel iniciou uma negociação com a Tailândia e conseguiu 7 registros do medicamento Eritromax e passará a exportar para o país já neste ano. "Este novo contrato é de grande valia para a empresa: primeiro por nos introduzir em um novo mercado, e também porque o Eritromax é responsável por cerca de 80% do faturamento da exportação, devido a sua importância", explica.