Jornal da Tarde
Fabricantes de medicamentos contra impotência sexual, recomendados para o tratamento de disfunção erétil, decidiram mudar suas caixas para tentar dificultar a ação dos falsificadores. Preferidos das quadrilhas por garantirem altos lucros, esse tipo de remédio lidera a lista dos piratas vendidos no Brasil.
A Eli Lilly, fabricante do Cialis, modificou a caixa no ano passado. “Verificamos que houve um aumento no número de falsificações de medicamentos para disfunção e tomamos essa iniciativa”, justifica o diretor corporativo do laboratório, Allan Finkel. Entre os novos dispositivos, está a inserção de lacres de segurança no topo e na base da caixa. “Até o momento, não identificamos nenhuma falsificação dessa nova embalagem”, afirma Finkel.
Ele afirmou que a principal reclamação dos consumidores que compraram o remédio pirata é a ausência do efeito esperado, resultado da composição irregular. Em alguns casos, utilizam-se tintas de parede no revestimento dos comprimidos. “Já achamos até materiais pesados, como alumínio”, disse a farmacêutica Mônica Hattort, do laboratório Lilly.
A Pfizer, que fabrica o Viagra, iniciou a distribuição do remédio em novo modelo em maio deste ano. “Como já houve reposição de estoque em praticamente todos os pontos de venda, é pouco provável que o consumidor encontre a embalagem antiga”, diz o diretor médico da empresa, João Fittipaldi, em nota oficial.
O branco da caixa do medicamento da Pfizer deu lugar ao azul metalizado. As duas empresas se negaram a revelar o quanto gastaram para promover a mudança.
Brasil bate recorde em pirataria
A apreensão das cópias dos dois remédios vem aumentando desde o ano passado. Segundo o chefe de Inteligência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Adilson Bezerra, é o efeito da procura dos traficantes. O lucro é excessivo, uma vez que ele é vendido pelo preço do original.
Bezerra aprova a atitude dos dois laboratórios, mas não acredita que isso anulará a falsificação. “Não vai impedir, pois o falso é vendido fora da caixinha”, argumenta.
No primeiro semestre, o Brasil bateu o recorde de medicamentos piratas: 316 toneladas – um crescimento de 606% em relação a 2008.