Folha de S. Paulo
Um gel criado pelo laboratório norte-americano Endo para evitar a contaminação pelo HIV foi reprovado em testes na África, disse o Conselho de Pesquisa Médica (MRC) do Reino Unido ontem (14).
O microbicida vaginal Pro 2000 foi testado em mais de 9.000 mulheres em quatro países africanos, sem evidências de que reduza a contaminação pelo vírus causador da Aids.
O resultado é um novo revés para o laboratório, cujas ações já tinham caído neste mês por causa da recusa das autoridades dos EUA em aprovar o medicamento Aveed, contra déficit de testosterona.
Até agora, não há nenhum gel microbicida que funcione contra a contaminação pelo HIV, e este teste "mostrou conclusivamente que o gel Pro 2000 não tem benefício agregado", disse o MRC em nota.
"Este resultado é desanimador, particularmente à luz dos resultados de um teste menor patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA, que sugeria que o Pro 2000 poderia reduzir em 30% o risco de infecção pelo HIV", disse Sheena McCormack, do MRC, responsável pelo estudo.
Pesquisas apresentadas em fevereiro numa conferência sobre Aids no Canadá sugeriam que o gel Pro 2000, adquirido neste ano pelo laboratório Endo na compra do Indevus Pharmaceuticals, poderia reduzir em um terço o índice de contaminação.
O estudo do MRC foi o maior teste clínico internacional já feito sobre um gel para a prevenção do HIV.
Quase 60 milhões de pessoas já foram contaminadas com o vírus, e 25 milhões morreram de Aids desde o início da década de 1980.
O teste do MRC, realizado entre setembro de 2005 e setembro de 2009, abrangeu 9.385 mulheres e foi realizado pelo Programa de Desenvolvimento de Microbicidas, parceria não lucrativa entre 16 instituições africanas e europeias de pesquisas.
Os pesquisadores disseram que não houve diferenças significativas na taxa de contaminação entre as mulheres que usaram o gel Pro 2000 e as que usaram um gel placebo.