Valor Econômico
A Hypermarcas vai recorrer pela terceira vez ao mercado para bancar sua estratégia de aquisições. Desta vez, pretende captar de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão com a operação, que tem tudo para ser a maior já realizada pela empresa, fundada pelo empresário João Alves de Queiroz Filho.
Próxima de sua máxima histórica no mercado, fechou o pregão de ontem valendo R$ 10,3 bilhões – quatro vezes a avaliação de estreia. Ontem, as ações caíram 6,11%, para R$ 21,50. A previsão é que haverá demanda para a operação. Entretanto, os investidores deverão pedir desconto significativo sobre o preço em bolsa, já próximo do alvo projetado pelos analistas de mercado. A média dos preços-alvo estimados pelos especialistas é de R$ 24,89, segundo a Bloomberg.
A companhia chegou ao Novo Mercado em abril de 2008, quando obteve R$ 612 milhões. Em julho do ano passado, levantou mais R$ 540 milhões. Na segunda operação, sinalizou que faria aquisições da ordem de R$ 2 bilhões até o fim de 2010. Mas a meta foi alcançada já em dezembro, após a investida de R$ 1,3 bilhão sobre o laboratório de genéricos Neo Química. A transação foi paga metade em ações e metade em dinheiro. Pouco antes disso, comprou também a Pom Pom e as companhias de preservativos Jontex e Olla.
A expectativa de investidores e analistas é que a próxima aquisição seja na área de fármacos, que já respondem por cerca de 40% dos negócios. A companhia teria especial interesse no segmento de genéricos e naqueles que podem ser vendidos nas gôndolas, sem necessidade de prescrição médica (conhecidos como OTC).
A receita anualizada das marcas detidas pela companhia foi de R$ 3,1 bilhões em 2009. Desse total, 39% são provenientes do ramo de medicamentos, outros 39% de higiene e beleza e os 22% restantes de higiene, limpeza e alimentos.
A despeito da crença dos analistas, pessoas próximas ao empresário Queiroz Filho afirmam que seu sonho é ter de volta a Arisco, fundada por ele e seu pai em 1969 e vendida em 2000 à multinacional Bestfoods.
Após a compra do Neo Química, Queiroz Filho negociou a formação de um acordo de acionistas com os antigos donos do laboratório, a família Gonçalves, que ficou com 7,3% da Hypermarcas. O acordo reúne 57,7% do capital da empresa. Ele próprio tem, por meio da Igarapava, 31% do negócio.
Com essa estrutura, considerando a atual cotação em bolsa, a Hypermarcas tem fôlego para levantar o montante de R$ 1,5 bilhão desejado sem alterar o controle.
O empresário vem diluindo sua participação em troca do crescimento via aquisições. Toda a trajetória da Hypermarcas está calcada em consolidação. Queiroz Filho é conhecido pela rapidez das análises e pelo jogo de cintura nas negociações. A companhia realizou 27 aquisições ao longo de sua história e administra 19 unidades produtivas, nos Estados de Goiás, Santa Catarina e São Paulo, que somam um patrimônio de R$ 3,4 bilhões.
Tem em seu portfólio produtos que vão de alimentos, a higiene, limpeza, beleza e saúde, com marcas como o molho de tomate Etti (o começo de tudo após a Arisco), os adoçantes Finn e Zero Cal, os cosméticos da linha Monange, Paixão, Bozzano e Risqué. Na &aa