Folha de São Paulo
Laboratórios farmacêuticos afirmam que já seguem à risca seus códigos internos de conduta e que o único objetivo das viagens que patrocinam a médicos é o da atualização científica.
Ontem, o setor evitou comentar a proposta do CFM (Conselho Federal de Medicina), revelada pela Folha, que limitará as viagens de médicos a congressos. Só profissionais que darão palestras ou cursos poderão aceitar patrocínio da indústria farmacêutica.
Antônio Britto, presidente da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), afirma que vai esperar a divulgação oficial dos termos da proposta da CFM, prevista para o próximo dia 16, mas conta que o setor está "feliz" por ter aberto um canal de diálogo entre a indústria e a classe médica.
"Esse diálogo não existia. Queremos reduzir ao máximo o que a gente chama de zona cinza. O número de médicos e de representantes das indústrias cresceu muito. Só essa ampliação já justificaria uma revisão dos nossos códigos de conduta", diz Britto.
Segundo Allan Finkel, diretor de assuntos corporativos da Eli Lilly, a empresa considera essencial que a relação entre os seus profissionais e os médicos ocorra dentro do campo ético. Ele considera "prematuro" comentar a proposta do CFM.
"Nosso único objetivo com o patrocínio de viagens é a atualização científica. Nossos funcionários são treinados, testados e monitorados no que diz respeito a essas interações [com os médicos]."
A Roche e a Pfizer vão na mesma linha. "Todas as interações com profissionais de saúde têm foco na troca de informações científicas, com o objetivo de possibilitar a esses profissionais conhecimentos que propiciem o máximo benefício aos pacientes", diz a Roche.