Os prejuízos causados pela burocracia na avaliação da pesquisa clínica no Brasil vão muito além da longa espera pela autorização dos órgãos regulatórios. Efeitos imediatos como a exclusão do País em testes multicêntricos internacionais, a estagnação do conhecimento científico, a redução de investimentos e até mesmo o fechamento de centros de referência e o desemprego de mão de obra especializada vêm comprometendo a competitividade brasileira neste setor. "A falta de um modelo regulatório mais transparente, que garanta o cumprimento de prazos, têm trazido danos aos pesquisadores e principalmente aos pacientes. Todos estão perdendo oportunidades únicas de se beneficiar com a corrida mundial em busca por tratamentos eficazes e inovadores", alerta o coordenador da Aliança Pesquisa Clínica Brasil, Eduardo Motti, movimento que reúne representantes de pacientes, médicos, pesquisadores e farmacêuticas com o objetivo de debater e propor soluções para agilizar a análise dos estudos. Em Salvador, o Centro de Pesquisa Clínica (Cepec) já recrutou cerca de 3.000 pacientes em 50 protocolos de pesquisa ao longo de 15 anos de atividades em parceria com as Obras Sociais Irmã Dulce, tradicional complexo médico-hospitalar da capital baiana que conta com mais de mil leitos e 1.500 atendimentos ambulatoriais diários em 32 especialidades. Porém, o desempenho do centro de pesquisa está ameaçado pela incerteza no cumprimento de prazos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgãos do Ministério da Saúde responsáveis pela regulação dos estudos clínicos no País. Fonte: SEGS