Segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), neste início de ano, o número de casos e a procura por testes de dengue explodiram. A associação informou que, entre 16 de dezembro de 2023 e 13 de janeiro de 2024, o número de testes aumentou 77% na rede privada. O principal motivo é o aumento de casos de dengue em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Goiás e Acre.
Entre 16 e 22 de dezembro de 2023, a Abramed informou que, na rede privada, 8.606 pessoas fizeram o teste de dengue, e 18% dos testes deram positivo. Já no período de 7 a 13 de janeiro de 2024, foram realizados 15.246 testes, e 22% deles deram positivo.
Já o Ministério da Saúde informou que, entre 31 de dezembro de 2023 e 20 de janeiro de 2024, o Brasil registrou 120.874 casos de dengue, um aumento de 170% em comparação com o mesmo período de 2023, que teve 44.752 casos.
Segundo os médicos, é possível diferenciar a dengue de outras doenças, prestando atenção aos seguintes sintomas: febre alta de repente, dor atrás dos olhos, dor de cabeça, nos músculos e no abdômen, e manchas na pele também podem aparecer.
As farmácias devem recomendar aos pacientes que tomem bastante água para evitar a desidratação. Além disso, é preciso sugerir o uso de repelente.
Repelente pode ser recomendado para prevenção
Segundo levantamento da Kantar, empresa de dados, insights e consultoria, a penetração da categoria de repelentes nos lares brasileiros cresceu 2,4 pontos percentuais (p.p.) e 2,5 p.p., respectivamente, entre 2020 e 2023. A região do Rio de Janeiro foi responsável por 12% dos repelentes adquiridos em todo o Brasil entre os meses de julho de 2022 e 2023.
Com o fenômeno El Niño prometendo temperaturas acima da média neste verão, a previsão é que haja uma maior proliferação de insetos no período. No último verão, o consumo em unidades de repelentes já foi 9% maior versus o verão de 2020.
O Tempo informou, no dia 30/01, que o estado de emergência provocado pela dengue em Minas Gerais fez a venda de repelentes disparar nas farmácias neste mês e pressionar o estoque do varejo. Em algumas lojas, o consumidor encontra menos variedade do produto.
Com a grande demanda nos últimos meses e a alta nos casos de dengue, as farmácias e drogarias podem sugerir o uso de repelentes aos clientes, como forma de prevenção e para afastar o mosquito Aedes aegypti. Mas, para isso, é recomendável abastecer primeiro os estoques.
Fornecimento da vacina da dengue está suspenso
A farmacêutica Takeda informou, nesta segunda-feira (05/02), que está suspendendo o fornecimento da vacina Qdenga no mercado privado, que será limitado para suprir e priorizar o quantitativo necessário para que as pessoas que já tomaram a primeira dose do imunizante na rede privada completem seu esquema vacinal. Agora, todas as vacinas contra a dengue serão direcionadas ao Ministério da Saúde, para que sejam distribuídas de forma integral e gratuita para a população brasileira.
Com essa decisão, apenas as farmácias que compraram o primeiro lote da vacina poderão comprar o segundo. Os estabelecimentos que não compraram nenhum lote não poderão adquirir nenhum, até segunda ordem da Takeda.
Testes rápidos são uma opção para a farmácia
Em entrevista à Revista da Farmácia, Jauri Siqueira, head de Serviços e Novos Negócios da Clinicarx e Interplayers, comentou que a procura pelos exames rápidos de dengue aumentou em 300%. Entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, o teste foi o segundo mais procurado nas farmácias de todo o Brasil.
“Nas primeiras semanas de 2024, mais de 200 mil casos suspeitos foram registrados no Brasil, e mais de 100 brasileiros morreram. Esses números são três vezes mais do que o esperado para esse período”, analisa Jauri.
Com a alta demanda, as farmácias podem trabalhar no rastreamento e triagem de pacientes com sintomas suspeitos por meio dos exames rápidos. Para executar esse serviço, é preciso seguir às exigências da RDC 786/23.
Betânia Alhan, farmacêutica e especialista em Assuntos Regulatórios da Ascoferj, comentou que “para a realização dos serviços exames de análises clínicas (EAC), é necessário que a empresa tenha essa atividade descrita no CNPJ da empresa, na licença sanitária e possuir a atividade de serviços farmacêuticos na AFE”.
A RDC 786/23 define que as farmácias devem preparar uma área específica para acolhimento do paciente e área específica para realização dos Exames de Análises Clínicas (EACs, conhecidos como testes rápidos). O espaço mínimo para esses locais é de 4m² para acolhimento e 3,6 m² para realização dos testes rápidos. Ambas as áreas podem ser compartilhadas com outros ambientes já existentes na farmácia, como o local para aplicação de injetáveis e vacinas.
No atendimento, o farmacêutico deve realizar a anamnese, fazer o exame, emitir a declaração de serviços farmacêuticos, orientar e encaminhar o paciente de acordo com o resultado obtido na triagem. É fundamental que o profissional conheça os estágios da dengue para identificar se o indicado é realizar teste de antígenos (NS1) ou anticorpos (IgM/IgG). No gráfico abaixo, trazemos informações úteis para auxiliar na identificação do melhor teste para o paciente.
Em casos reagentes, a farmácia deve realizar a notificação compulsória conforme preconiza a Portaria GM/MS 420/2022. Em seguida, o farmacêutico precisa orientar o paciente para que procure um atendimento médico para fins diagnósticos. Se ele estiver com febre, deve-se orientar o uso de paracetamol e/ou dipirona.
“A realização dos testes requer treinamento prévio e deve seguir as orientações de procedimento preconizadas pelo fabricante, sempre utilizando o sangue total obtido da ponta do dedo do paciente. A linha MedTeste da Medlevensohn, por exemplo, oferece testes sorológicos (IgM/IgG), testes de antígenos (NS1) e testes Combo de Antígeno (NS1) + Anticorpos (IgM/IgG). Tem, portanto, todas as opções para atender às necessidades das farmácias”, comenta Ana Maria Targa, farmacêutica da MedLevensohn.
As farmácias podem adquirir as unidades dos testes de dengue entre R$ 15 e R$ 30 na MedLevensohn.
Já dez unidades do teste da Eco Diagnóstica, utilizado pelos franqueados da Ponto Care, custam, em média, R$ 154.
Fonte: Revista da Farmácia