Folha de S. Paulo
Pesquisa americana pode apontar novos tratamentos para a doença.
Pessoas com síndrome de Down têm menos chances de contrair câncer porque possuem cópias de genes que impedem o crescimento dos tumores, segundo um estudo publicado pela revista científica "Nature".
A pesquisa da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, feita em células de camundongos e humanas, mostrou que uma terceira cópia do gene DSCR1 (também conhecido como RCAN1), presente na síndrome de Down, pode suprimir o crescimento de vasos sanguíneos que alimentam tumores.
Os cientistas injetaram células cancerígenas pulmonares e de pele em ratos normais e também em ratos chamados de Ts65Dn, com três cópias de vários dos genes do cromossomo humano 21, como os humanos com síndrome de Down. O estudo mostrou que, após três ou quatro semanas, os ratos Ts65Dn apresentaram cerca de 50% menos tumores do que os ratos normais.
Vitamina
Os pesquisadores usaram também células-tronco de humanos com Down e normais. Quando injetadas em camundongos, estas células criam tumores.
Os cientistas descobriram que, quando foram usadas células-tronco normais, os tumores criaram vasos sanguíneos, mas em células com síndrome de Down, os vasos sanguíneos não se formaram completamente. Os cientistas acreditam que a descoberta pode abrir novas frentes na luta contra o câncer.
A equipe liderada por Sandra Ryeom afirma estar tentando determinar as melhores formas de isolar a formação dos vasos sanguíneos, para o desenvolvimento de terapias.
Ela afirma que, desde que seja necessário apenas um gene extra para reduzir a formação dos vasos, um dia, quando a terapia estiver disponível, é possível que a forma de se combater o câncer seja "tomando uma vitamina preventiva", ao invés de se ingerir drogas tóxicas.