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Pesquisa realizada em seis cidades brasileiras aponta que pacientes com acesso à informação têm menor índice de abandono de terapia
O abandono precoce dos tratamentos, principalmente os de doenças crônicas, é um problema de saúde pública cada vez mais grave. O perigo torna-se ainda maior quando se trata de patologias que não apresentam sintomas e têm baixo nível de risco percebido, como a osteoporose, pois o paciente não procura voluntariamente um médico para fazer um exame preventivo. Por se tratar de uma doença silenciosa, com índice baixo de adesão ao tratamento e que não tem benefício percebido em curto prazo, a osteoporose pode se transformar num problema grave e com custo alto se não for tratada adequadamente e a tempo.
Para combater este cenário foram criadas algumas ferramentas para ajudar os pacientes a entender melhor a doença e perceber a importância de realizar o tratamento até o fim. Um estudo quantitativo realizado em seis capitais brasileiras com 220 mulheres portadoras de osteoporose, com média de 69 anos, apontou que as pacientes inscritas em um programa de acompanhamento tendem a seguir a prescrição e permanecer por mais tempo com a terapia. De acordo com a pesquisa, o tempo médio de tratamento das mulheres cadastradas foi de 11 meses, enquanto que as pacientes não-inscritas seguiram a terapia por apenas 4 meses. Apenas 15% dessas mulheres concluíram o tratamento.
O acesso às informações sobre a doença ajudou as pacientes inscritas a reduzir o índice de abandono da terapia. Em três meses, apenas 2% pararam com o tratamento, enquanto 60% das pacientes não-cadastradas deixaram de tomar os medicamentos. No período de um ano, os números subiram para 33% das inscritas contra 81% das não inscritas. Graças à disciplina, essas pacientes obterão um maior benefício clínico e uma menor incidência de complicações.
Segundo o ortopedista e Presidente da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica, Dr Sérgio Ragi Eis, os benefícios vão além da eficiência do tratamento com o uso adequado. "Medicamentos incorretamente tomados ou interrompidos precocemente geralmente levam a gastos ineficientes dos recursos disponíveis para a saúde, sem que se obtenham os possíveis benefícios esperados por eles. Isso resulta em aumento de custos tanto para o paciente como para a saúde pública, decorrentes de complicações da doença e das fraturas não evitadas." explica. "Essas pacientes obterão um maior benefício clínico e uma menor incidência de complicações como fraturas, que implicariam em internação hospitalar e poderiam levar a uma dificuldade na movimentação, dor crônica severa, deformidade e até a morte", conclui o ginecologista e também especialista em osteoporose, Dr. Ben Hur Albergaria.
O estudo com as portadoras de osteoporose conclui ainda que, quando as pacientes têm acesso a maiores informações sobre a doença, que é um dos principais objetivos de um programa de acompanhamento, é menor o índice de abandono à terapia por motivo de efeito colateral. Cientes da sua ocorrência, elas seguem as orientações corretamente e os evitam.