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Reajuste anual da tabela de preços de medicamentos e retaliação brasileira a produtos dos EUA vão pesar no bolso
Remédios e mais dezenas de itens, passando por veículos e incluindo até o pãozinho, ficarão mais caros em abril. No caso dos medicamentos, a Câmara que define o reajuste anual divulgou ontem os índices. Já os outros vilões são importados que aparecem na lista de 102 produtos vindos dos Estados Unidos e que pagarão mais imposto, como divulgou ontem o Ministério do Desenvolvimento, em retaliação a subsídios concedidos ao setor de algodão pelos EUA.
Remédios ficarão de 4,45% a 4,83% mais caros. Com preços controlados, o reajuste anual teve aprovação da Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). A expectativa é que o aumento médio fique em torno de 4,6%.
O índice liberado depende da oferta de genéricos. O Tylenol 500 mg com quatro comprimidos, por exemplo, que custa R$ 1,97 na Farmácia Vita, na Praça da Bandeira, poderá passar a custar até R$ 2,07.
Mas o aumento não é imediato. Além do esgotamento de estoques, demora cerca de duas semanas para o varejo mudar preços. O Sindusfarma, sindicato da indústria que estimou o reajuste médio, lembra que os índices definem o valor máximo mas, nos balcões, concorrência e estratégia definem o preço final ao consumidor.
O aposentado Aberlado Gomes Barbosa, 65 anos, reclama. "É um absurdo, mas temos que conviver com isso. Mal dá para comprar os remédios. Às vezes, faço bicos para poder comprar", critica ele.
Os preços dos remédios sofrerão ainda outra pressão. Alguns insumos para fazer antibióticos, analgésicos e anticoncepcionais também entraram na relação de itens que terão o imposto aumentado devido à disputa comercial com os EUA.
Antonio Britto, diretor da Interfarma, que reúne farmacêuticas multinacionais, diz que, se entrar em vigor, o aumento poderá colocar em risco a qualidade do remédio e a saúde do consumidor. "O fabricante terá que buscar outro fornecedor. O insumo que vem dos EUA é garantido, mas não sabemos dos outros", alerta.
A pressão não se restringirá às farmácias. A partir de 7 de abril, eletrônicos, cosméticos, produtos agrícolas e têxteis vindos dos EUA que constarem da lista divulgada ontem pelo Brasil passarão a pagar mais imposto. Até o pãozinho poderá encarecer graças à inclusão do trigo na relação.
Governo muda alíquotas contra subsídio dos EUA
A elevação no imposto de 102 produtos visa compensar o prejuízo causado pelos Estados Unidos, que deu dinheiro a produtores de algodão locais, tornando a importação do produto brasileiro pouco vantajosa e prejudicando nossas remessas.Apesar de o governo brasileiro alegar que os produtos podem ser comprados de outros países, quem sai perdendo é o consumidor.
Daniel Plá, diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro, avisa que preços devem aumentar já na semana que vem. "O varejista vai querer se proteger. Mas essa alta é temporária. Em poucos meses, encontra-se fornecedores em outros países, e oferta e os preços voltam ao normal", explica. <br