Jornal da Tarde
A rinite afeta a qualidade de vida e a produtividade de uma pessoa, seja adulto ou criança. Foi o que mostrou pesquisa divulgada ontem, no XIX Congresso Mundial de Otorrinolaringologia, que acontece nesta semana no País. A pesquisa ouviu 1.088 adultos e 4.618 crianças em oito países da América Latina em 2008. No Brasil, foram feitas entrevistas em oito capitais (Rio, São Paulo, Brasília, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Belém e Belo Horizonte).
Segundo o estudo, quase metade (48%) das crianças e adultos sofrem interferência na escola ou trabalho por causa dos sintomas da rinite. Desses, 14% foram impedidos de sair de casa pela doença; 17% tiveram o rendimento afetado; e 17% passaram pelas duas situações. Sobre a qualidade de vida, 19% disseram que a rinite tem grande impacto nela; 24%, impacto moderado; 22% algum impacto; e 14%, pouco. Como eles se sentem durante as crises da doença? 38%, sempre cansados; 37% irritados; 34% ansiosos; 19% deprimidos.
Presente na apresentação dos números, o otorrinolaringologista americano Bradley Marple, disse que, no mundo a rinite afeta a produtividade de 55% dos empregados que sofrem do mal. “Eles apresentam sintomas em (média) 52,5 dias do ano e faltam em média 3,6 dias”, disse. “São números de grande impacto.” Segundo o especialista, rinites afetam a tomada de decisão, o bem-estar, a autoimagem e a vitalidade das pessoas.
A pesquisa mostrou que a rinite atinge – comprovadamente – 8,8% dos brasileiros. Mas a estimativa é que o índice seja de 25%. Michael Blaiss, pediatra americano, disse que a incidência da doença aumenta no mundo. Segundo ele, são diversas as hipóteses: poluição, alimentação inadequada até o sucesso da medicina na prevenção de infecções. “Quando as crianças não são expostas a infecções, o sistema imunológico não se desenvolve.”
Tratamento
O alergista Dirceu Sole, professor do curso de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, diz que a rinite não tem cura, mas, com tratamento adequado, pode ter seus sintomas controlados, de modo a permitir uma boa qualidade de vida. Ele alerta: isso exclui a automedicação. “Por não ser considerada uma doença grave, as pessoas a subestimam e, por isso, recorrem à automedicação.”