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A saúde dos funcionários pode impactar diretamente os resultados de uma empresa. Se um colaborador fica doente, ele não poderá contribuir para alcançar as metas propostas pela organização. O resultado não é nada positivo.

Cuidar da saúde das pessoas deve ser uma atitude tomada como investimento, não custo. Na ponta do lápis, uma empresa que investe R$ 1 na promoção e prevenção da saúde de um funcionário tem retorno de R$ 4, revela um lucro de, aproximadamente, 300% gerado com o aumento da produtividade e a redução de absenteísmo ou atrasos.

Segundo o ranking de auxílio-doença concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a dor nas costas é o problema que mais afasta trabalhadores no Brasil por mais de 15 dias seguidos. Em segundo lugar, estão as fraturas de perna e tornozelo, depois de punho e mão.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho, não são as atividades pesadas que mais afastam trabalhadores com dores nas costas e sim o serviço público, porque existe um grande número de pessoas realizando funções repetitivas. Em seguida, estão as atividades relacionadas ao comércio varejista, em especial supermercados e os ramos hospitalar, de construção de edifícios e transporte rodoviário de cargas.

 

Soluções criativas

Quando a empresa tem zelo pelo bem-estar do funcionário, ela está comunicando que se importa com ele como pessoa e não apenas como mão de obra. Existem inúmeras iniciativas que privilegiam a saúde nas organizações. Escolher uma que se adeque ao seu negócio ou à sua realidade não é tão difícil assim.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ), Renata Filardi, afirma que os gestores precisam entender que é fundamental fazer uma gestão estratégica da saúde nas empresas. “Nos dias de hoje, o departamento de Recursos Humanos (RH) tem um papel importante, embasado na compreensão plena sobre a questão do financiamento da saúde não apenas para o presente como para o futuro. Então, cada vez mais, financiar a saúde se torna essencial”, diz.

Partindo desse ponto, Renata detalha que o papel do RH se estrutura em três pontos básicos em uma empresa., O primeiro deles é a resolubilidade, o que significa conhecer profundamente se todos os processos médicos prestados aos empregados estão no modelo ideal. Ou seja, se o tratamento e o propósito foram efetivamente ofertados, e se houve um processo de busca e efetivação de cura.

O segundo ponto é a comunicação para implantar e comunicar sobre campanhas de prevenção e promoção de saúde. E o último ponto é o controle de custos da empresa. “Nessa etapa, se conhece quanto custou cada tratamento. Passando por todo esse processo, é possível entender se as ações de saúde estão sendo efetivas para empresa e empregado”, analisa Renata.

Para reduzir faltas por motivo de doença ou idas ao médico por necessidade de emergência, o investimento no plano de saúde é uma boa solução, mas desde que seja usado de forma eficiente. Na realidade, o que se observa é que muitas pessoas utilizam somente quando estão doentes. “As enfermidades poderiam ser evitadas se as pessoas fossem ao médico regularmente, mas só fazem isso quando já estão doentes. Então, a empresa deve se preocupar com o trabalho de conscientização à prevenção”, relata Renata.

Iniciativas de prevenção que também dão certo são as campanhas de conscientização relacionadas a doenças como câncer de mama e de próstata, consequentemente, Outubro Rosa e Novembro Azul.

De acordo com a consultora de Carreira e diretora do escritório da Lee Hecht Harrison (LHH), Cristina Fortes, as empresas podem estabelecer preventivamente um planejamento anual relacionado à saúde para que o funcionário não chegue ao fim do ano com exames pendentes. “Esse planejamento pode conter programas que estimulem o bem-estar e campanhas para uma alimentação saudável. Tudo isso são maneiras de estimular a qualidade de vida dessas pessoas”, detalha.

Para ela, o local de trabalho pode se tornar um espaço mais agradável, ajudando na saúde dos funcionários. “Mesmo que a farmácia seja limitada, tente separar um lugar para que o profissional possa descansar. Coloque uma cadeira mais confortável para um repouso imediato”, sugere.

Algumas alternativas que não demandam espaço também são válidas, como a permissão para o funcionário sair uma hora mais cedo em um dia da semana, para que ele possa aproveitar mais tempo com a família. Outra ideia é a empresa fazer uma pesquisa para verificar o que as outras organizações estão oferecendo e usar como modelo.

 

Estresse e insegurança financeira

Com a situação atual do País, em que o número de pessoas desempregadas aumentou e a contratação diminuiu, é muito comum ouvir falar do estresse ocupacional. Esse problema pode ser desencadeado por uma série de fatores, como pressão no trabalho, longas jornadas, insatisfação profissional, aumento de horas extras, entre outros.

O resultado desse tipo de estresse é logo percebido na saúde do profissional, tanto na forma psicológica como fisiológica e as empresas precisam ficar atentas. O pesquisador Hans Selye, o primeiro a realizar os estudos sobre o estresse, em 1936, afirmou que o problema tem três fases: alarme, resistência e esgotamento. Após a última fase, estudos comprovaram o surgimento de doenças como artrite, lesões no músculo cardíaco e úlcera.

Segundo Renata Filardi, vice-presidente da ABRH-RJ, o que mais afeta a saúde das pessoas no trabalho, nos dias atuais, é o estresse provocado por problemas de relacionamento e pressão por resultados. “Para evitar essa situação, o setor de RH precisa acompanhar e analisar o clima organizacional, porque ele demonstra o nível de satisfação dos profissionais sobre o ambiente de trabalho. Logo, é possível identificar a percepção deles, desenvolvendo um trabalho que amenize o problema”, recomenda.

A consultora de Carreira, Cristina Fortes, completa comentando que algumas ações podem ajudar a evitar o estresse ocupacional. “O superior pode tirar um tempo para ouvir o funcionário sobre o que o está sobrecarregando, estar disponível para ajudá-lo a lidar com situações de conflito, oferecer apoio e ajuda para um encaminhamento médico ou psicológico”, enumera Cristina.

Hoje existe uma preocupação maior dos profissionais com a manutenção do emprego, tanto o próprio como o de familiares. A crise brasileira é uma constante ameaça para o núcleo familiar. “Essa situação também gera estresse no colaborador, que precisa cuidar da saúde financeira”, completa, fazendo trocadilho.

Em casos de absenteísmo constante, Cristina orienta as empresas a acompanharem de perto para entender os reais motivos do afastamento, porque, em alguns casos, a doença é resultado de algo que está disfuncional no ambiente de trabalho. “Se for isso, o caso precisa ser tratado como consequência e não algo a ser punido”, alerta a consultora.

Pense sobre isto: quando a empresa investe na saúde dos colaboradores, ela consegue reduzir os custos com planos de saúde, diminuir o absenteísmo, aumentar a produtividade e engajar os profissionais no trabalho, fazendo com que eles se sintam de bem com a vida e com a profissão que escolheram.

Fonte: Revista da Farmácia Ed. 202/Ascoferj

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