O Globo
Suplemento de licopeno, substância de vegetais vermelho, reduz colesterol
Uma empresa de biotecnologia britânica desenvolveu uma pílula à base de licopeno, substância carotenoide responsável pela cor avermelhada de tomate, melancia, beterraba, pimentão, entre outros alimentos que parece ser benéfica na redução da chamada fração ruim de colesterol (LDL). Esta parte do colesterol causa doenças cardiovasculares, como infarto e derrame. Se as propriedades forem comprovadas, abre-se um novo e promissor caminho para o tratamento de problemas cardíacos.
A empresa, ligada à Universidade de Cambrídge, lançou a pílula Ateronon (nome comercial) como suplemento alimentar. O licopeno é antioxidante, ajudando a proteger células de efeitos nocivos do excesso de radicais livres. De acordo com cientistas, o licopeno é obtido na alimentação saudável, mas nessa forma é mais difícil de absorvê-lo. Com a pílula, seria mais fácil. Porém, são necessários mais estudos para saber se realmente tem um efeito importante no controle do LDL.
Na pesquisa, foram realizadas mais de dez análises preliminares, envolvendo 50 pessoas com doenças cardíacas. Os dados apresentados numa reunião da Sociedade Britânica Cardiovascular indicaram que a Ateronon reduz praticamente a zero a oxidação de gorduras no sangue. Para o neurocientista Peter Kirkpatrick, que vai realizar mais pesquisas no Hospital Addenbrooke’s, em Cam-bridge, com apoio da fabricante da pílula, a empresa Cambridge Theranostics, o suplemento talvez seja mais eficaz do que as estatinas, as drogas receitadas normalmente para controlar os níveis de colesterol.
Precisamos ter cautela antes de recomendar esse suplemento, disse Weissberg da Fundação Britânica do Coração. Ainda levará algum tempo para obter mais evidências a respeito do produto.
A recomendação para cardíacos e pessoas com alto risco para esse tipo de problema, diz Weissberg, é confiar nos medicamentos receitados pelos seus médicos, e comer mais frutas e outros vegetais.
Testes iniciais tiveram bons resultados
O professor Anthony Leeds, da organização britânica Heart, que trabalha na prevenção de doenças cardíacas, afirmou que os testes iniciais foram bons. “Esse novo produto de licopeno é uma nova abordagem no tratamento do colesterol alto, uma possibilidade interessante”.
No site da Cambridge Theranostics, a empresa diz que pesquisa levou sete anos. Os autores descobriram uma forma de quebrar grandes cristais de licopeno que dificultam a sua absorção. O fabricante recomenda uma cápsula ao dia, ingerida na refeição. Como se trata de suplemento alimentar, é possível toma-lo mesmo com os medicamentos receitados, se houver indicação. A caixa com 30 cápsulas custa cerca de R$ 112.