Valor Econômico
A experiência do Walmart com a venda de bens duráveis pela internet foi tão bem-sucedida no Brasil que a gigante americana já está de olho em mais um segmento do varejo on-line, a comercialização de medicamentos. Em entrevista ao Valor, o presidente do Walmart no Brasil, Hector Nuñez, afirmou que já começou a avaliar o lançamento de uma farmácia pontocom no país. O grupo seria a primeira grande cadeia de hipermercados a vender produtos farmacêuticos pela internet no Brasil.
As grandes varejistas – Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour – estão avançando a passos largos no varejo de medicamentos. O setor de farmácias, que ainda é dominado por pequenas lojas independentes, está passando por uma forte transformação no país desde a introdução do regime de substituição tributária e da nota fiscal eletrônica, o que permitiu ao governo intensificar a fiscalização sobre as empresas.
"O segmento de farmácias está entre as prioridades de investimento do Walmart no Brasil", afirmou Nuñez. O apetite pelo varejo farmacêutico é tão grande que serão abertas neste ano nada menos do que 100 drogarias, das quais 42 já foram inauguradas.
O ritmo de inaugurações no setor de farmácias é até mesmo mais acelerado do que a expansão prevista para os hipermercados e supermercados. Além de operar com marcas originais Walmart e Sams Club, o grupo é dono no Brasil das redes Bompreço, Mercadorama, Nacional, BIG, Maxxi e Todo Dia.
O grupo está abrindo drogarias não só dentro dos novos hipermercados, mas também nas unidades que já estão em operação. Atualmente, a varejista controla uma rede de 260 farmácias, o que a colocaria no topo do ranking do setor no país.
O Carrefour e o Grupo Pão de Açúcar também estão avançando de forma rápida no varejo farmacêutico. O Carrefour já possui 141 drogarias, das quais 14 são em endereços independentes, de rua, e 14 funcionam em hipermercados do Atacadão. O Pão de Açúcar manifestou até mesmo o interesse em comprar redes de farmácias para avançar no setor.
O varejo de medicamentos é um mercado conhecido para o Walmart nos Estados Unidos, onde o grupo possui uma agressiva política de preços. Lá, a rede vende medicamentos genéricos por US$ 4. O mesmo programa foi trazido para o Brasil, onde as farmácias do Walmart vendem, por R$ 9,90, uma lista de 500 medicamentos genéricos.
"Pesquisas apontam que 40% das pessoas no Brasil não terminam tratamentos de saúde porque não têm dinheiro para adquirir os remédios", afirma Nuñez. A varejista mantém, nas farmácias, um programa de educação sobre os medicamentos genéricos, enquanto tenta combater o uso de produtos similares nos pontos de venda.