Muito se ouve falar sobre as novas cepas do coronavírus que se manifestam em todo o mundo e, com isso, dúvidas e preocupações surgem. Cepa indiana, inglesa, sul-africana, de Manaus, todas são resultados de mutações que acontecem com o vírus o tempo todo e se espalham entre as pessoas.
Segundo David Schlesinger, médico geneticista e CEO da Mendelics, laboratório brasileiro especializado em sequenciamento, inclusive do SARS-CoV-2, uma mutação é capaz de fornecer novas características para o vírus, alterando a forma como ele se propaga e a reação e o efeito na pessoa infectada: “Essas novas cepas são rastreadas em tempo real por programas de vigilância genômica, que possuem compartilhamento de dados e plataformas colaborativas online”, explica o médico.
Ele responde seis dúvidas sobre o tema. Confira abaixo.
1 – Qual a diferença entre mutação, variante e cepa?
Mutação refere-se à mudança na sequência do RNA do vírus que pode levar a uma alteração na proteína resultante dele. A variante se refere aos vírus que diferem em sua sequência de bases do RNA em uma ou várias posições. Quando as variantes são transmitidas e detectadas na população, são denominadas cepas ou linhagens com características comprovadamente diferentes.
2 – Quais foram as primeiras variantes encontras no Brasil?
As variantes predominantes são a B.1.1.28 e a B.1.1.33. No fim de 2020, variantes derivadas da B.1.1.28 se alastraram pelo País, as chamadas P.1 (Manaus) e P.2 (Rio de Janeiro).
3 – Quantas e quais são as principais variantes do vírus circulando em solo brasileiro?
A principal variante é a P.1, presente em 90% dos casos sequenciados atualmente. A P.2 atinge cerca de 5%. Há ainda a B.1.1.7, que é a inglesa, e equivalente a 5% das novas infecções. Já há indícios da variante B.1.351, a sul-africana.
4 – A vacina funciona também para as variantes?
Sim. Os testes feitos até o momento mostram que as vacinas disponíveis e aplicadas no País protegem contra todas as variantes.
5 – Os testes disponíveis detectam as variantes?
Sim.
6 – Como o País poderia abrir novas frentes de enfrentamento da pandemia?
Sequenciamento genético é importante para o monitoramento do surgimento de novas cepas. O que importa é continuarmos monitorando essa evolução daqui para frente, porque podem surgir novas variantes a partir dessas linhagens e que podem ter um perfil de transmissão diferente.
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